As imagens registradas poderão ajudar nas investigações.
Alex Adelmann foi atingido pela asa do avião durante salto em Boituva (SP).
Alex participou de uma matéria exibida pelo Fantástico no domingo
A Polícia Civil de Boituva (SP) procura o capacete usado pelo paraquedista Alex Adelmann, de 33 anos, que morreu após ser atingido pela asa do avião usado para saltar. Alex estava com o equipamento, pois acompanhava dois paraquedistas que fariam um salto duplo de instrução. O objetivo era filmar o salto para depois corrigir e aprimorar os movimentos.
De acordo com a polícia, o equipamento não foi entregue. A informação passada ao delegado por representantes do Centro Nacional de Paraquedismo é que o equipamento se quebrou e as imagens não foram registradas. A polícia acredita que se as imagens forem recuperadas será possível esclarecer dúvidas que ainda precisam ser apuradas para as investigações.
Segundo o advogado da família de Adelmann, o instrutor e os alunos saltaram do avião praticamente juntos. Por causa da velocidade, os paraquedistas foram impulsionados para a frente nos primeiros segundos de queda livre. Neste momento, piloto da aeronave teria feito um mergulho na direção dos três, atingindo Alex com a asa esquerda, na altura da nuca. Com o impacto, ele foi projetado violentamente contra os alunos que chegaram aos solo que fraturas nas pernas.
O delegado responsável pelo caso, Carlos Antunes, ouviu os dois paraquedistas sobreviventes, Conrado Álvares e Wanderson Carlos Campos Andrade, que são do Maranhão, e também o piloto do avião, Douglas Leonardo de Oliveira, que está em estado de choque.
Douglas deve prestar um novo depoimento, mas na primeira conversa com a polícia, na noite de segunda-feira (9), relatou que fazia 11ª decolagem dele no dia. Assim que os paraquedistas saltaram, ele teria dado um mergulho, manobra comum nesse tipo de voo. Logo depois teria sentido um impacto na asa esquerda da aeronave e só ficou sabendo o que aconteceu quando já estava no solo.
Uma equipe de perícia da polícia esteve no Centro de Paraquedismo e nos pontos onde as vítimas caíram. A policia ainda requisitou os equipamentos usados pelos paraquedistas. O delegado não descarta fazer uma acareação entre o piloto e os paraquedistas. A polícia ainda vai ouvir outras pessoas que estavam no local na hora do acidente.
Além disso, técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) fizeram análise na aeronave. De acordo com o Cenipa, não há prazo para a conclusão das investigações. Durante a permanência dos técnicos na cidade, fotografaram e periciaram a aeronave e equipamentos usados pelos paraquedistas, fazendo uma radiografia completa.
Conforme informações do Cenipa, a perícia é feita de forma sigilosa com finalidade exclusiva para a segurança do voo. O objetivo é identificar os fatores do acidente ou levantar hipóteses plausíveis. Assim que concluído o relatório final, ele será disponibilizado no site da entidade.
A manobra
Para o presidente da Federação Paulista de Paraquedismo, Francisco Leite de Carvalho, houve erro no procedimento. “O que aconteceu não foi fatalidade. É sim uma quebra de normas. Jamais poderia ter acontecido um fato desse, de uma aeronave chocar com paraquedista no ar”, ressalta.
O piloto do avião afirmou que não fez nenhuma manobra arriscada. O assistente de embarque do Centro de Paraquedismo, Américo Jose da Mata Silva, em entrevista ao Jornal Nacional contou que o piloto comunicou o acidente pelo rádio. “O piloto, na comunicação, disse que havia se chocado, que havia danificado um pouco a asa, e tinha batido em uma pessoa em queda livre. Então a gente saiu no sentido de auxilio mesmo, de tentar prestar pelo menos os primeiros socorros”, afirma.
De acordo com o investigador Raul Carvalho, piloto e os dois sobreviventes contaram em depoimento que eles colocaram uma velocidade um pouco acima do normal para o salto. “Fizeram um salto com maior velocidade e isso não foi avisado, segundo o próprio piloto, pelos componentes da equipe que estavam no ar. Então, ele desceu também em velocidade mais compatível com a descida deles, em média 300km por hora”, afirma.
Os sobreviventes foram ouvidos ainda no hospital. Eles contaram aos policiais que assim que saltaram do avião deram duas piruetas para ganhar velocidade e quando estabilizaram, viram que o avião, logo após o mergulho, atingiu Alex, que foi arremessado contra eles.
Alex era esportista experiente e participou de uma reportagem exibida pelo fantástico neste domingo ajudando um corintiano a pagar uma promessa pelo título da Libertadores.
Fonte: G1 - Foto: Reprodução/Globo