O nome do avião, Supersonic Business Jet, dá uma ideia de quem vai usá-lo: homens de negócios muito ricos. O preço estimado por unidade também passa a mesma mensagem: US$ 80 milhões. E o avião só leva 12 pessoas, então é melhor ser alguém importante. Apesar do preço alto, muita gente já se dispôs a comprar o produto antes mesmo de ele ser produzido. 50 empresas (ou pessoas muito ricas) fizeram sua reserva do jato, pagando antecipadamente módicos US$ 250 mil, mesmo sabendo que a previsão de entrega é somente no fim de 2015. Pelo menos nos próximos anos, o jato vai ser só para quem tiver recursos - e para quem algumas horinhas realmente façam diferença.
Os únicos aviões supersônicos que já operaram comercialmente foram o franco-britânico Concorde e o soviético Tupolev Tu-144. O Tupolev teve uma vida curta, e foi produzido por menos de 10 anos até 1978. O Concorde só começou com voos comerciais em 1976, e foi viável até 2003. Um dos fatores que levou à sua extinção foi um acidente em julho de 2000, que matou 113 pessoas e abalou a imagem do avião. Ambos viajavam à velocidade 2 Mach (cerca de 2.450 km/h), mas eram inviáveis economicamente. Eles tinham alto custo de manutenção e a demanda por passageiros foi diminuindo ao longo do tempo.
* VEJA FOTOS DO AVIÃO SUPERSÔNICO
Para se ter uma ideia, o Concorde gastava mais de 100 toneladas* de combustível para ir de Nova York a Londres, uma viagem de pouco mais de três horas. O SBJ, apesar de não alcançar a velocidade dos aviões anteriores, promete ser mais eficiente. Será o primeiro avião supersônico a voar comercialmente depois do insucesso do Concorde e do Tupolev.
O formato pontiagudo característico do jato se mantém; as asas serão diferentes daquelas triangulares que vemos nos caças de guerra. A empresa garante que a mudança para asas menores diminui em 20% a resistência do ar. Mudanças estruturais além dessas não há. A maior diferença mesmo serão os passageiros a embarcar no jato – por enquanto, alguns poucos privilegiados.
*Errata: anteriormente afirmamos que o Concorde consumia uma tonelada de combustível para ir de Nova York a Londres. Ele gasta, na verdade, uma tonelada de combustível por passageiro. Como o avião tem 110 lugares, são mais de 100 toneladas. Esta informação já foi alterada na matéria.
Fonte: Ricardo Santos (Revista Galileo) - Imagens: Divulgação