Trocar a data ou o horário da passagem aérea pode pesar no bolso. Para quem precisa mudar o rumo na última hora devido a compromissos inesperados, as companhias aéreas indicam as passagens chamadas “flexíveis”, que já embutem os custos de remarcação e, teoricamente, trazem economia para o passageiro. Mas, na prática, a conta não compensa.
O JB pesquisou preços e condições de troca de passagens para trechos nacionais na Gol, TAM, Ocean Air, Webjet, Trip e Azul e concluiu: a diferença entre os bilhetes flexíveis e os comuns pode chegar a R$ 464. Já a taxa de remarcação varia de R$ 30 a R$ 80 ou de 5% a 25% do valor da passagem (o que for menor). Nos dois casos, ainda é preciso pagar a diferença da tarifa pelo novo voo.
A carioca Andrea Araújo, que mora em Vitória mas tem família no Rio, já precisou fazer alterações várias vezes.
– Já tive que colocar outra pessoa para viajar no meu lugar para não ter que pagar um absurdo para trocar a passagem. A Gol já fez a mudança sem me cobrar qualquer taxa. Por isso, tento sempre comprar passagens nesta companhia. Sei que vai me dar menos dor de cabeça, se precisar alterar, além de ter preços mais em conta – destaca Andrea que prefere mesmo as passagens promocionais.
A única exceção é a companhia Azul. A diferença entre uma passagem comum e a Azulflex é de R$ 30 em média, enquanto a taxa de remarcação custa R$ 75 ou R$ 50, se o passageiro fizer a alteração pelo site (www.voeazul.com.br), e R$ 100 em caso de não comparecimento. Para reembolso, a companhia cobra taxa de 20% da tarifa paga se o passageiro perder o voo com a passagem flexível, e, no caso da comum, 30% – além da taxa de cancelamento. A Azulflex ainda dá direito a um dos 16 assentos com maior espaço entre as poltronas – 86 centímetros de distância, classificação A, pelas novas regras da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A tarifa Top da TAM, a única da companhia sem qualquer custo adicional em caso de trocas e cancelamentos, é pelo menos R$ 464 mais cara que a tarifa Light, em que o cliente precisa desembolsar R$ 70 ou 20% do que pagou para fazer uma alteração. A diferença entre a Top e a Flex cai para R$ 250, mas se comprar a segunda, o passageiro precisa pagar apenas R$ 50 ou 10% do que pagou em caso de alterações.
A Trip oferece cinco tipos de tarifas, para deixar o consumidor ainda mais confuso. A única que não tem qualquer custo para remarcação é a Diamante, que custa R$ 260 a mais que a tarifa Bronze, em que é preciso pagar R$ 70 ou 25% do valor da passagem – o que for menor – em caso de troca ou cancelamento.
Na Gol, uma passagem flex nacional custa R$ 60 a mais que uma passagem programada e pelo menos R$ 100 a mais que uma passagem promocional. A taxa de cancelamento ou alteração, no entanto, custa R$ 50 na programada e R$ 80 na promocional.
A Webjet não oferece passagens flex, e as cobranças para troca de passagem variam entre R$ 70 e R$ 90 nas tarifas promocionais, mas em caso de tarifa cheia não há qualquer cobrança. Os preços de balcão não são diferentes dos de internet, segundo a companhia. Procurada pelo JB, a Ocean Air não forneceu as informações. No site da companhia, consta apenas que há cobrança de taxa para remarcações, mas não informa qual.
Quando a flex vale a pena
As passagens flex só são vantajosas se o passageiro precisar trocar a passagem muitas vezes, já que elas não limitam o número de alterações, o que pode ocorrer nas demais. Os benefícios das passagens chamadas flexíveis, na verdade, são vantagens como franquia extra de bagagem, prioridade no embarque e check-in, milhagens extras, poltronas mais confortáveis e até acesso à internet no aeroporto.
Para a advogada da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), Maria Inês Dolci, o principal problema nestas ofertas é que não fica claro para o cliente qual é a verdadeira vantagem de um produto sobre o outro.
– Os sites das companhias não trazem informações suficientes sobre os novos benefícios, e o consumidor precisa saber exatamente quais são as regras e o que um produto tem e outro não, para tomar a melhor decisão para seu perfil. As limitações devem estar destacadas – explica a advogada.
A dica, segundo Maria Inês é comparar preços e condições de diversas companhias antes de fazer a escolha. “Hoje, todas as companhias vendem bilhete pela internet, o que facilita a pesquisa para o consumidor”, comenta.
A Agência de Avião Civil informou que não regula sobre alterações ou cancelamentos de passagens por parte do passageiro. A Anac afirmou ainda que só há regras nos casos em que a responsabilidade pelas alterações são da companhia aérea. Nos demais casos, o que vale é o que foi estipulado em contrato entre passageiro e empresa. Mais um motivo para o consumidor ficar atento na hora de comprar sua passagem.
Fonte: Adriana Diniz (Jornal do Brasil)