Tragédia aérea de 2007 deixou 199 mortos em São Paulo.
Julgamento de acusados está marcado para começar em 7 de agosto.
Familiares e amigos das vítimas do acidente com o voo JJ3054 da TAM, que deixou 199 mortos em 17 de julho de 2007, se reuniram neste sábado (13) no local da tragédia para prestar uma homenagem às vítimas. O acidente completa seis anos na quarta-feira (17), mas a cerimônia no Memorial 17 de Julho foi antecipada para facilitar o deslocamento de parentes que vivem em outros estados.
O memorial fica em frente ao Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital, onde o voo aterrisou. A celebração realizada neste sábado foi acompanhada pelo Coral da Igreja Messiânica. Às 16h, uma missa será celebrada na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, no Campo Belo, também na Zona Sul. A cerimônia é promovida ela Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAMJJ3054 (Afavitam).
Chovia no momento do acidente e o A320 da TAM estava com um de seus reversos (parte de seu sistema de freio) desativado. Os pilotos não conseguiram parar o Airbus, que atravessou a pista e bateu em um prédio do outro lado da Avenida Washington Luís. A pista do Aeroporto de Congonhas havia sido reformada e liberada havia 20 dias sem o grooving - ranhuras feitas para ajudar a frear os aviões.
Julgamento
Seis anos depois da tragédia, nenhum dos denunciados pelo acidente com o Airbus A320 da TAM foi julgado. Três pessoas são acusadas de atentado contra a segurança de transporte aéreo: Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro, à época diretor de Segurança de Voo da TAM; Alberto Fajerman, que era vice-presidente de Operações da TAM; e Denise Maria Ayres Abreu, então diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O julgamento está previsto para os dias 7 e 8 de agosto.
Na decisão que marcou as datas, o juiz Márcio Assad Guardia, da 8ª Vara Criminal Federal de São Paulo, afirmou que seriam ouvidos, nesta ordem, as testemunhas de defesa, de acusação e os réus. Na mesma sessão deverá ser proferida a sentença. O magistrado entendeu que não há razões para a “absolvição sumária” dos acusados, por isso determinou o prosseguimento do processo, com a marcação da audiência de instrução e julgamento.
Vista geral da Praça Memorial 17 de julho, em 2012
Foto: Eduardo Knapp /Folhapress
Segundo o procurador que ofereceu a denúncia dos envolvidos, Marco Aurélio e Alberto Fajerman tinham conhecimento “das péssimas condições de atrito e frenagem da pista principal do aeroporto de Congonhas” e não teriam tomado providências para que os pousos fossem redirecionados para outros aeroportos, em condições de pista molhada.
A denúncia também afirma que eles não divulgaram, a partir de janeiro de 2007, “as mudanças de procedimento de operação com o reversor desativado (pinado) do Airbus-320”. O MPF considerou que a então diretora da Anac, Denise Abreu, “agiu com imprudência” ao liberar a pista do Aeroporto de Congonhas, a partir de 29 de junho de 2007, “sem a realização do serviço de 'grooving’ e sem realizar formalmente uma inspeção, a fim de atestar sua condição operacional em conformidade com os padrões de segurança aeronáutica”.
O advogado de defesa de Denise Maria Ayres Abreu, Roberto Podval, disse em 2012 ao G1, quando o acidente completou cinco anos, que a ex-diretora da Anac não tem qualquer responsabilidade pelo acidente. "Ela não tem nenhuma relação com o acidente. Seu trabalho na Anac era meramente jurídico, sem nenhuma ligação com segurança de voo. Achamos estranho que ela tenha sido responsabilizada", disse.
O mesmo argumento foi usado pelo advogado de defesa de Alberto Fajerman e Marco Aurélio Castro. "Nós negamos que eles tenham agido com negligência. Eles não tiveram qualquer responsabilidade sobre o acidente. Para mim, o inquérito é carente de elementos que sustentem a acusação", afirmou na época o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira.
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Fonte: G1
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