O segundo maior acidente aéreo brasileiro completa dois anos na próxima segunda-feira (29) mas, mesmo diante dos trâmites realizados pela Justiça brasileira, o processo ainda corre sem prazo para conclusão. A demora é alvo de reclamações pelas famílias e amigos das 154 vítimas que morreram após colisão do boeing da Gol, em setembro de 2006, no Norte de Mato Grosso. Foi o segundo maior acidente da história da aviação civil brasileira.
Na última sexta-feira, o juiz federal Murilo Mendes, de Sinop, determinou depoimentos de testemunhas arroladas no caso, mediante cartas precatórias e uma presencial, mesmo não sendo cumpridas as diligências nos Estados Unidos, bem como o interrogatório dos pilotos Joseph Lepore e Jan Paladino, também réus no episódio.
Em entrevista a Só Notícias, a presidente da associação das vitimas do vôo 1907, Angelita De Marchi, frisou que a decisão “contrabalanceia o ocorrido anteriomente, quando o juiz voltou atrás em sua decisão, de julgar os pilotos a revelia, já que se negavam a prestar depoimento no Brasil”, destacou.
De acordo com ela, familiares e a própria sociedade aguardam por respostas quanto as reais causas que provocaram a tragédia. “Acreditávamos que este caso seria julgado dentro do prazo de um ano, que considerávamos um tempo enorme, e já se passaram dois anos. Pior que isso foi acreditar que o relatório do Cenipa estaria pronto em um ano, como haviam prometido”, salientou.
Familiares questionam a demora do Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos em emitir o relatório final das investigações sobre a queda do boeing. “É um deboche conosco. Isto nos leva a concluir que este caso não é prioritário”, criticou.
Joseph Lepore e Jan Paladino, além de quatro controladores de vôo do Brasil que trabalhavam no dia do acidente são citados no processo. “Ainda não desistimos da possibilidade do Ministério Público mudar o indiciamento dos pilotos de crime culposo para dolo, e estamos muito empenhados para isso”, salientou a representante das vítimas. Angelita lembra que uma audiência no Senado era esperada mas devido ao período eleitoral, acabou adiada. “Isso será muito importante para nós familiares, vai ser o momento de muitas perguntas serem feitas cara a cara”, reiterou.
A presidente salienta ainda que mesmo diante das seqüências de erros que contribuíram para o acidente, pilotos norte-americanos não estão sendo cobrados. “Os controladores tiveram sua parcela de culpa, pois não foram eficientes para evitar colisão. Houve falha de comunicação, de leitura, dos instrumentos, de cumprimento dos procedimentos. Eles estão sendo investigados por isso”, diz.
Por outro lado, Marchi afirma [os controladores] “serem bode espiatórios, pois estão levando sozinhos a culpa de uma instituição que não assume seus erros e deficiências”, citou, lembrando que por outro lado, “o mais importante é a conduta, ou falta dela, pelos pilotos americanos. Eles assumiram riscos e não estão sendo cobrados”, acrescentou, ao Só Notícias.
"É importante que este caso seja esclarecido nossas autoridades devem isto a população, mas mais que isso é importante que algo seja feito para que novas tragédias não voltem a acontecer, como infelizmente acompanhamos em tão pouco tempo", reiterou.
HomenagemFamiliares planejam uma homenagem no segundo ano do acidente com o avião. Inicialmente deve ocorrer no próximo dia 28, mas a forma como deve ocorrer ainda é discutida.
Fonte: Leandro J. Nascimento (Só Notícias)