Na Serra da Cantareira, os vizinhos do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, têm que conviver com os jatos a cada dois minutos.
O barulho dos aviões tira o sossego até de quem escolheu viver em uma área de preservação. Na Serra da Cantareira, os vizinhos do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, têm que conviver com os jatos a cada dois minutos. A região voltou a ser rota dos voos faz pouco tempo, e acabou o sossego da vizinhança.
E tem gente ficando doente com o barulho que não deixa ninguém dormir. Em dezembro do ano passado, a rota de voos nos principais aeroportos do país foi alterada para atender a normas internacionais. E aí começou o pesadelo.
Moradores do Parque Petrópolis, na Serra da Cantareira, reclamam de um incômodo diário: o barulho dos aviões.
“Eu vou dormir ouvindo avião, à 0h eu estou ouvindo avião, acordo as 5h30 da manhã, ouvindo avião”, conta Isabel Raposo, jornalista.
“Em uma região normalmente silenciosa, o barulho aqui é muito mais perceptível do que o mesmo barulho em são Paulo, que tem o barulho de fundo da cidade”, ressalta Alexander Strum, aposentado.
Fábio diz que os voos, 24 horas por dia, tem prejudicado a saúde dele.
“Eu estou muito irritado, nervoso, falta de apetite, tenho crise de choro de vez em quando e eu estou atribuindo isso aos aviões”, revela Fábio Mascritti, analista de TI.
Um vídeo para mostrar o barulho foi gravado pelos próprios moradores. Seu Décio já foi piloto. E escolheu a região justamente para ter sossego.
“Lamentavelmente, agora eu estou sendo vítima daquilo que me deu o pão para comer”, comenta Décio Dantas Cortez, piloto aposentado.
Esses aviões estão seguindo para o Aeroporto Internacional de Guarulhos. Eles voltaram a sobrevoar a Serra da Cantareira em dezembro de 2013. Essa rota tinha sido alterada em 2002 por causa dos impactos ambientais. Mas agora, passa um avião, praticamente, a cada 2 minutos.
O Aeroporto de Guarulhos é o mais movimentado do país. No primeiro semestre deste ano, registrou uma média de 820 operações por dia, entre pousos e decolagens. Segundo o Decea - Departamento de Controle do Espaço Aéreo, a mudança nas rotas atende normas internacionais, do projeto de "Navegação Baseada em Performance", também conhecido por PBN.
“O objetivo desse projeto é reduzir as trajetórias, reduzir a emissão de CO2, diminuir os tempos de voos, gastos de combustíveis, esse projeto é mundial”, afirma Derick Moreira Baum, chefe de tráfego aéreo/SRPV-SP.
As mudanças foram implantadas, primeiramente, nos Aeroportos de Guarulhos, Congonhas em São Paulo, Viracopos em Campinas, além do Galeão e dos Santos Dumont no Rio. É que, juntos, eles concentram mais de 50% do tráfego aéreo do país.
No Rio, moradores dos bairros de Santa Teresa, Botafogo, Urca e Laranjeiras tinham as mesmas reclamações sobre o barulho dos aviões. Depois de negociações com a Infraero e outros órgãos, os cariocas conseguiram mudanças na rota do Aeroporto Santos Dumont.
Em São Paulo, o Serviço Regional de Proteção ao Voo diz que já está estudando uma solução para o Aeroporto de Guarulhos.
“Temos que identificar onde está o ruído, onde está o problema do impacto e aí nós vamos reestudar essas trajetórias. Sem onerar a empresa aérea, sem onerar o passageiro, mas resolver esse impacto, esse efeito colateral que tenha surgido por um grupo de moradores, para questão ambiental”, diz Derick Moreira Baum.
Se houver mudança na rota, ela terá de ser divulgada para todas as companhias aéreas, nacionais e internacionais, que utilizam o Aeroporto de Guarulhos. E só isso pode levar cerca de seis meses.
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Fonte: Bom Dia Brasil (TV Globo) - Imagem: Reprodução