Os fabricantes aeronáuticos brasileiro Embraer e russo Sukhoi venceram esta semana a corrida para a venda de aviões de cabotagem no Salão de Farnborough, deixando para trás a canadense Bombardier e o novo concorrente japonês Mitsubishi Regional Jet.
Companhias aéreas e companhias de aluguel de aviões gastaram bilhões de dólares em aeronaves com capacidade para cem passageiros da Embraer e da Sukhoi, em detrimento de seus concorrentes canadense e japonês.
Os voos de curto alcance em nível regional se tornaram um nicho em pleno desenvolvimento, graças ao crescimento do tráfego aéreo nos mercados emergentes, especialmente na China, como também na América Latina.
A concorrência neste setor deve se intensificar nos próximos anos, já que a China se interessa em entrar no mercado.
Terceiro construtor aeronáutico mundial atrás dos americano Boeing e europeu Airbus, a Embraer fechou durante o São de Farnborough contratos de venda no valor de 7,9 bilhões de dólares.
O maior acordo foi fechado com a companhia aérea britânica Flybe, que encomendou à brasileira 140 aparelhos em um contrato no valor potencial total de 5 bilhões de dólares.
A Flybe confirmou a aquisição do 35 E175, um avião com capacidade para 88 passageiros, assim como opções de compra para 65 aeronaves adicionais do mesmo modelo e direitos de compra para outros 40.
Segundo o vice-presidente executivo de assuntos corporativos da fabricante brasileira, em entrevista à AFP, afirmou que o Salão de Farnborough é um bom presságio para o futuro da Embraer.
"Foi um bom salão para a Embraer e diria que para o conjunto da indústria de uma crise muito grave", declarou o executivo, enfatizando que a empresa conseguiu superar esse período difícil com medidas drásticas em termos de redução de custos e de pessoal, além da renegociação com empresas terceirizadas.
"É uma empresa equilibrada e rentável", comentou, negando-se, no entanto, a fazer uma previsão para 2011, embora tenha se declarado otimista.
"Comparado com o Salão de Le Bourget (no ano passado, perto de Paris), este salão foi muito melhor", ressaltou.
A Embraer possui 60% do mercado de aviões para voos regionais.
Sem alcançar as cifras da Embraer, o fabricante russo Sukhoi anunciou em Farnborough vendas de 60 aviões Superjet 100 no valor de 1,85 bilhão de dólares no total.
A companhia de aluguel de aviões Pearl Aircraft Corporation adquiriu 30 dessas aeronaves; e a companhia indonésia Kartika Airlines, outras 30.
A Pearl tem, além disso, a opção de comprar outros 15 aviões. "Estamos convencidos de que é o melhor avião para cem passageiros do mercado. Em termos de baixos custos, supera todos seus competidores", afirmou o diretor executivo da Pearl, Jan Soderberg.
Já a canadense Bombardier acabou sendo uma das decepções do tradicional salão aeronáutico na periferia de Londres, dedicado, de segunda a quinta aos profissionais, e a partir de sábado ao público em geral.
A Bombardier esperava anunciar um acordo para vender seu novo avião CSeries à Qatar Airways, mas ficou por enquanto em suspenso, apesar de a companhia aérea do Golfo Pérsico dizer que continua interessada.
Por sua vez, o Mitsubishi Regional Jet (MRJ), primeiro avião fabricado pelo Japão, não conseguiu concretizar nenhuma nova ordem de compra.
"Trabalhamos muito duro para fazer um anúncio durante o salão, mas, infelizmente, não pudemos fazê-los. Esperamos alcançar algum acordo em um futuro próximo", afirmou o diretor de vendas da MRJ, Masao Yamagami, à imprensa.
A companhia estatal aguarda lançar em 2014 seus aviões de baixo consumo de combustível para 70 e 90 passageiros.
O projeto tem até agora dois clientes: a companhia americana Trans States, que encomendou 100 aviões num total de 4 bilhões de dólares, e a japonesa All Nippon Airways, que concordou em adquirir 25 aeronaves.
Fonte: AFPNota do autorA "Cabotagem Aérea" significa o embarque, no território de um país, pelas empresas aéreas da outro país, de passageiros, carga e mala postal, transportados mediante remuneração ou arrendamento, para pontos de origem ou destino no território do primeiro país. Há um porém: o livre comércio do espaço aéreo pode provocar uma concorrência desleal com as empresas aéreas locais, já que um voo internacional já chegaria com os custos computados e poderia, portanto, cobrar qualquer valor pelo trecho interno a ser operado.