A Engenheira de Vôo Sandra Magnus e o Comandante Mike Fincke da da Expedição 18 mandam seus votos de Boas Festas a partir da Estação Espacial Internacional (foto).
A Estação Espacial Internacional (EEI) se converterá no próximo 31 de dezembro em uma “máquina do tempo” que permitirá à sua tripulação russo-estadounidense receber 16 vezes o Ano Novo a quase 400 quilômetros de altura sobre a Terra.
“Os cosmonautas receberão dezesseis vezes o Ano Novo. Tantas vezes cruzarão a barreira do tempo entre 2008 e 2009”, anunciou Alexandr Kirévev, chefe do grupo de coordenação balística do Centro de Controle de Voltas Espaciais da Rússia (CCVE).
O especialista explicou à agência Interfax que a mudança de datas entre a Terra avança de Oriente a Ocidente, ainda que a plataforma orbital voe em direção contrária e a cada 24 horas dá 16 voltas em torno do planeta. Cada uma de aproximadamente uma hora e meia.
Durante cada volta, a Estação Espacial atravessa um por um, os fusos horários de onde já chegou o novo dia e “regressa” a outros, onde ainda é a data anterior.
Desta forma, a missão permanente número 18 do laboratório orbital, integrada pelo cosmonauta russo Yuri Lonchakov e seus colegas da NASA, Michel Fincke e Sandra Magnus, passará dezesseis vezes no ano de 2009 e voltará quinze vezes em 2008.
Os astronautas habitualmente não chegam a celebrar o Ano Novo tantas vezes assim, e se limitam a festejar duas mudanças de ano, segundo as horas correspondentes a seus respectivos países.
Pela primeira vez, os tripulantes receberão o Ano Novo sobrevoando o Pacífico na zona do equador em 31 de dezembro às 11.01 GMT, e a última vez sobre as águas do mesmo oceano às 10.03 GMT do dia 1º de janeiro de 2009.
A tripulação se encontrará assim mesmo sobre o Pacífico quando tocarem os sinos do carrilhão de Kremlin em Moscou, marcando a chegada de 2009, às 21.00 GMT do dia 31 de dezembro, e quando o Ano Novo chegar em Washington, às 05.00 GMT do dia 1º de janeiro.
Durante a mudança de ano em Houston, Texas, onde se encontra o Centro Espacial Johnson da NASA, às 06.00 GMT de 1º de janeiro, os astronautas estarão sobrevoando a península Arábica.
Há diferença da antiga estação soviética e russa Mir, onde os cosmonautas podiam celebrar o Ano Novo com um trago de conhaque levado de contrabando ao espaço, enquanto na EEI rege a lei seca, e os tripulantes só podem brindar com alguma bebida gasosa.
Lonchakov, Fincke e Magnus poderão desfrutar alguns outros “manjares terrenos”, levados ao espaço pelo cargueiro russo Progress M-01M, que se acoplou à EEI em 30 de novembro último com 2,5 toneladas de reservas de água, combustível, oxigênio, alimentos e equipamentos científicos, além de objetos pessoais e presentes de familiares e amigos da tripulação.
Assim, há um ano o cosmonauta russo Yuri Malenchenko e os astronautas Peggy Whitson e Daniel Tani celebraram o Ano Novo degustando mexerica, limões e outros cítricos, maçãs, mel, frutas secas, balas e chocolate, e temperaram suas comidas com alho e cebola.
Entretanto, nesta segunda-feira, 29, na sede do CCVE estavam nada menos que o Ded Moroz (Avô Frio), o irmão russo de Papai Noel e Santa Claus, para felicitar o motivo das festas de Natal e Ano Novo aos três inquilinos do laboratório orbital.
Interpretado por algum ator conhecido, o principal Ded Moroz da Rússia manterá um vídeo-enlace com os tripulantes durante o que, previsivelmente, encomendará a Lonchakov que interprete o mesmo papel na EEI e a Sandra Magnus que o acompanhe no tradicional papel de sua neta russa, Snegurochka.
A Estação Espacial Internacional é um projeto com um custo de 100.000 milhões de dólares em que participam 16 países.
A plataforma orbital que antecipa uma futura colonização humana do espaço celebrou em 20 de novembro passado, o décimo aniversário de sua construção, iniciada com o lançamento desde o cosmódromo kazajo de Baikonur e seu primeiro elemento, o módulo russo “Zaryá”.
Dez meses antes dessa história inédita, os governos de Rússia, Estados Unidos, Japão, Canadá e dos países membros da Agência Espacial Européia firmaram o acordo internacional para a criação da EEI, que a princípio deveria ser chamada “Estação Alfa”.
E em 31 de outubro de 2000 abria-se um novo capítulo na história da plataforma, ao lançar a nave pilotada Soyuz com a primeira tripulação permanente da EEI, formada pelos russos Yuri Gidzenko e Serguéi Krikaliov e o estadounidense Willian Shepherd.
Fonte: Diário de Taubaté - Imagem: NASA TV