A Panair do Brasil S.A. foi uma das companhias aéreas pioneiras do país. Nasceu como subsidiária de uma empresa norte-americana, a NYRBA (New York-Rio-Buenos Aires), em 1929. Incorporada pela Pan Am em 1930, teve seu nome modificado de Nyrba do Brasil para Panair do Brasil, em referência à empresa controladora (Pan American Airways).
Por décadas dominou o setor de aviação no Brasil. Encerrou suas atividades abruptamente em 1965, por determinação do governo militar.
História
Até 1942, 100% de suas ações estiveram em poder dos controladores Norte-Americanos, que então começaram a vendê-las para empresários brasileiros. Em 10 de fevereiro de 1965 a empresa foi comunicada pelo Governo Federal através de um ato assinado pelo ministro da Aeronáutica Eduardo Gomes da cassação de seu certificado de operação, ao mesmo tempo que repassava suas linhas internacionais para a Cruzeiro e para a Varig.
A alegação das autoridades governamentais era que a companhia era devedora da União e de diversos fornecedores. Muitos de seus ex-funcionários e mesmo autoridades consideram tal ato uma arbitrariedade, comum em regimes de exceção aos quais o País estava submetido a época. Justificam-se estes com base em documentos daquele ano, que indicariam que, dentre todas as empresas áereas brasileiras, a Panair era a que possuía o menor montante devido ao Governo Federal.
Autores avaliam que a destruição da companhia tinha a ver com a persegüição que o regime militar movia contra seus proprietários, os empresários Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen — este, dono também da TV Excelsior, que foi igualmente fechada. Especulam ainda que tal ato tenha sido executado como forma de favorecer a Varig, que, com o fechamento da Panair, incorporou não apenas suas rotas internacionais para a Europa e Oriente Médio, mas também suas aeronaves e outros ativos, como oficinas de revisão e a rede de agências no exterior, tornando-se a maior empresa aérea do país.
Posteriormente, os a época proprietários da Panair, ingressaram na justiça para contestar o ato do governo mas quem colheu os "louros" desta iniciativa, foram os herdeiros da então "massa falida" da Panair. Estes em 14 de dezembro de 1984, lograram exito na ação movida contra a União Federal com a declaração pelo Supremo Tribunal Federal - STJ que a falência fora declarada de forma fraudulenta devendo a União Federal ressarcir a Panair.
A "Família Panair"
Os ex-funcionários da Panair do Brasil têm geralmente muito orgulho de haver trabalhado para esta companhia. Desde 1966, cerca de 400 pessoas se reúnem num almoço anual, realizado no dia 22 de outubro, para lembrar dos velhos tempos e recontar as inúmeras histórias pessoais, celebrar e rememorar as agruras e as glórias da aeronáutica, mas sobretudo aquelas adornadas pelo verde e dourado da Panair. Esse grupo, autodenominado Família Panair, é formado por ex-funcionários da empresa, seus descendentes e amigos.
Curiosidades> O nome PANAIR era o endereço telegráfico da Pan American em Nova Iorque.
> O "tempo Panair" inspirou mesmo algumas músicas no Brasil, uma das quais, interpretada por Elis Regina, fez sucesso: "Conversando no Bar" (Saudade dos Aviões da Panair), composta por Milton Nascimento e Fernando Brant. Os versos dizem: "A primeira Coca-cola, foi, me lembro bem agora, nas asas da Panair…"
> O "tempo Panair" inspirou ainda a criação de uma anedota típicamente caipira: "atã compadre, não pegou o avião? Não, ele dizia PANAIR e eu nã fui".
> Em Florianópolis, Santa Catarina, nas proximidades de onde atualmente está localizado o Aeroporto Internacional Hercílio Luz, existe a favela da "Panaia". O nome da comunidade foi dado em referência à empresa, que era proprietária do terreno que foi invadido após o encerramento das operações comerciais, e posteriormente utilizado para a construção dos primeiros casebres.
AeronavesComo subsidiária da Pan American Airways, a Panair utilizou diversos tipos de aeronaves. Começou operando oito modernos hidroaviões: quatro Consolidated Commodore e quatro Sikorsky S-38.
Até 1942, 100% de suas ações estiveram em poder dos controladores norte-americanos, que então começaram a vendê-las para empresários brasileiros.
Finda a Segunda Guerra, a frota da Panair chegava a 23 Douglas DC-3, 12 Lockheed L-049/149 Constellation e 8 PBY-5 Catalina.
Nos anos 60, foi também a introdutora da aviação a reação no Brasil operando o Sud-Aviation SE-210 Caravelle em operação e terminou seus dias nas asas dos Douglas DC-8, que eram quadrimotores bem avançados na época. A Panair também operou com os Douglas DC-6 e DC-7.
Com estas aeronaves operava desde os grotões da Amazônia até as principais cidades européias e Oriente Médio, chegando até Beirute, Líbano.
Panair do BrasilIATA: PB
ICAO: PAB
Call sign: Bandeirante
Fundada em: 1930
Encerrou atividades em: 1965
Principal centro de operações: Aeroporto Santos Dumont
Sede: Rio de Janeiro
Fonte: WikipédiaOCASO NA DITADURAÀ 3 da tarde do dia 10 de fevereiro de 1965, uma quarta-feira calorenta no Rio de Janeiro, um telegrama do Ministério da Aeronáutica chegou aos escritórios da Panair do Brasil. A mensagem curta e grossa, um simples despacho, informava a decisão do governo militar, representado pelo ministro Eduardo Gomes, de cassar o certificado de operação da Panair, com base em uma suposta posição financeira “insustentável”. Este comunicado seco e implacável, típico do estilo castrense do período, abateu em pleno vôo a mais conhecida e glamurosa empresa brasileira de aviação, detentora de pelo menos 10% do mercado aeroviário. Na mesma noite, com os hangares da empresa já ocupados pela tropa, a Varig assumiu todas as rotas internacionais da rival -- e decolou imediatamente, sem qualquer atraso, numa demonstração de eficiência sem precedentes na história da aviação mundial. “Embora a Varig seja uma grande empresa, assumir vôos de outras companhias com horas de antecedência só poderia ser feito se houvesse informação prévia”, afirma o especialista R. Davies, autor do clássico americano Airlines of Latin America. No dia seguinte à intervenção, uma quinta-feira, a Panair entrou com pedido de concordata preventiva. Na segunda, por iniciativa própria, o juiz transformou o pedido de concordata em falência – alegando que a empresa, que não tinha um único título protestado e gozava de outras fontes de receita, não teria como saldar suas dívidas por estar proibida de voar. Terminava ali, de maneira kafkiana, uma trajetória de 35 anos de charme e eficiência.
“Fomos vítimas de perseguição política”, resume Rodolfo Rocha Miranda, filho do falecido dono da empresa e atual diretor-presidente da Panair do Brasil, uma holding sem atividade empresarial mantida com o intuito de lutar por ressarcimento na Justiça. A origem da perseguição é dupla. De um lado, Celso da Rocha Miranda, o pai de Rodolfo morto em 81, era um empresário muito próximo à Juscelino Kubitschek. Depois do golpe as outras empresas da família, que atuava no ramo de seguros, perderam todos os contratos com o governo e sofreram seguidas investigações da receita. Mas o problema principal da Panair talvez tenha sido acarretado pelo sócio de Rocha Miranda na Panair, Mario Wallace Simonsen. Milionário e influente dono da TV Excelsior de São Paulo e de 40 outras empresas, este paulistano era considerado pelos golpistas como homem do “esquema Jango” de comunicação. Também ele foi perseguido pelo regime e sua empresas sistematicamente prejudicas. Morreu em Paris em 24 de março de 1965, em depressão, dias depois de ter seus bens seqüestrados pelo governo. Entrará para a história, com a Panair, na relação das primeira vítimas fatais da ditadura.
Fonte: IstoÉ
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