Classe executiva em todo o avião: empresas deste mercado atendem predominantemente executivos (Foto: Michael Falco/New York Times) A MAXjet Airways, companhia aérea de descontos que foi pioneira em vôos exclusivos de classe executiva, foi à falência em 24 de dezembro. Entretanto, não parece que isso vai fazer o mercado de aviação civil abandonar o conceito.
Isso ocorre por apenas um motivo: as três outras novas companhias aéreas que continuam a operar com tarifas baixas para vôos exclusivos de classe executiva transatlânticos – Eos Airlines, Silverjet e l’Avion – estão em expansão.
Enquanto isso, tanto a British Airways quanto a Virgin Atlantic Airways planejam lançar suas próprias companhias aéreas de desconto com vôos exclusivos de primeira classe para as rotas de longa distância.
‘Projeto Lauren’
Todas as atenções agora estão voltadas para a British Airways, que deve lançar sua “mini-companhia aérea” em 9 de janeiro. A companhia de desconto, desenvolvida sob o codinome de “Projeto Lauren”, planeja começar a operar em maio, com um Boeing 757 configurado principalmente com poltronas de primeira classe, para voar entre uma cidade européia (Paris e Bruxelas são as principais candidatas) e Nova York.
Pessoas envolvidas no Projeto Lauren disseram que o nome da nova companhia deve ser Open Skies, e representa uma resposta positiva ao novo acordo que entra em vigor no final de março e que expande consideravelmente a possibilidade das companhias aéreas internacionais de escolherem novas rotas entre a Europa e os Estados Unidos.
Mas ainda há muita coisa no ar. “O avião nem sequer foi pintado ainda”, disse uma pessoa envolvida no planejamento. “Tudo ainda está em andamento”.
Quaisquer sejam os resultados da iniciativa da British Airways e os efeitos de uma entrada antecipada da Virgin Atlantic no mercado de primeira classe em 2008 ou começo de 2009, os demais concorrentes insistem que estão num patamar financeiro sólido, apesar do aumento nos preços do petróleo e das perspectivas de uma recessão econômica nesse ano.
Parte do motivo para o otimismo da Eos Airlines, que assim como a MAXjet começou suas operações no final de 2005, é que sua tarifa média – cerca de US$ 4 mil pelo trajeto de ida e volta entre Nova York e Londres, considerando os descontos corporativos e compras antecipadas – gera mais lucro do que a MAXjet obtinha. Ainda assim, continua consideravelmente mais barata do que as tarifas das grandes companhias concorrentes.
Levando em consideração que muitas empresas jamais permitirão que seus executivos mais valiosos viajem em poltronas de classe econômica nas viagens de longa distância, a Eos vai continuar a lucrar mesmo que os orçamentos de viagem diminuam, segundo Adam J. Komack, cujo cargo na Eos é de “diretor de estilo de vida” e tem a função de promover a companhia.
“Sabemos de pelo menos um banco que está começando a cortar suas despesas aéreas”, diz ele. “Eles autorizaram apenas as viagens necessárias. Mas também determinaram que, se os executivos tiverem de viajar para Londres, deveriam fazê-lo pela Eos, porque nossas tarifas são melhores do que das companhias tradicionais.”
Diferentemente da MAXjet, que voava longas distâncias com Boeings 767 e rapidamente expandiu suas rotas transatlânticas sem escalas para Los Angeles e Las Vegas, além de Nova York, a Eos até agora limitou-se a voar entre Nova York e Londres, no Aeroporto de Stansted.
A Eos também foi mais diretamente atrás do cliente corporativo do que a MAXjet, que oferecia as tarifas mais baixas, mas cujas cabines estavam equipadas com 102 poltronas de classe executiva que reclinavam apenas parcialmente. A Eos usa Boeings 757, menores, mas configurados com apenas 48 poltronas que se reclinam como camas, que hoje são o padrão de qualidade da classe executiva.
Descontos
No geral, a tarifa mais baixa para uma viagem de ida e volta de Nova York para Londres nas companhias tradicionais custa entre US$ 9 mil e US$ 10 mil. Algumas pessoas de fato pagam esse preço, mas as grandes corporações negociam descontos de 40% ou mais, de acordo com a quantidade de passageiros que possam garantir à companhia aérea.
Nesse momento, em que as viagens executivas estão devagar, as companhias aéreas estão empenhadas em fornecer descontos. A British Air, por exemplo, está oferecendo uma tarifa de classe executiva de US$ 2,4 mil entre Nova York e Londres, desde que a compra aconteça com 21 dias de antecedência, além de outras restrições. A Eos tem uma tarifa de inverno de cerca de US$ 2,9 mil, com restrições semelhantes.
A American Airlines, por sua vez, tem uma tarifa de classe executiva para compra antecipada, com restrições parecidas, por cerca de US$ 2,3 mil.
Assim como a British Air, United Airlines e Virgin Atlantic, a American Airlines é uma grande força na rota de classe executiva entre Aeroporto JFK, em Nova York, e Heathrow. No setor, a companhia tem a reputação de praticar tarifas agressivas contra os novos concorrentes.
Isso contribuiu com a queda da MAXjet, disse Lawrence Hunt, diretor executivo da Silverjet, outra companhia aérea de desconto em classe executiva, que começou a operar no início do ano passado entre Newark, próximo a Nova York, e o aeroporto London Luton. Sem um produto de qualidade superior e sem as conexões internacionais da American Airlines e seu popular programa de fidelidade, disse Hunt, a MAXjet simplesmente não pôde competir uma vez que a American aterrisou em Stansted com preços muito baratos.
O mesmo têm feito a l’Avion, uma companhia área francesa que começou a operar entre os aeroportos de Newark e Paris Orly no começo de 2007. L’Avion recentemente acrescentou vôos naquela rota e anunciou que iria comprar um outro Boeing 757 esse mês.
Expansão
Todas as novas companhias de desconto em classe executiva estão planejando se expandir e comprar novos aviões. A Eos, que agora tem 44 vôos semanais entre Nova York e Stansted, recentemente recebeu seu quinto e sexto Boeings 757, e espera mais dois para juntar à sua frota no começo desse ano.
A Eos também afirmou que planeja começar novas rotas nesse ano entre Nova York e Paris e entre Newark e Stansted, com uma terceira nova rota já planejada, mas ainda não anunciada.
A British Airways também está considerando expandir sua nova companhia aérea de descontos em primeira classe assim que a rota inicial esteja estabelecida, e o fundador da Virgin Atlantic, Richard Branson, deve anunciar logo planos para o novo serviço de primeira classe de sua companhia.
Seduzido pelas novas oportunidades de rotas entre a Europa e os Estados Unidos que se abrirão com o Open Skies, outras companhias aéreas tradicionais estão buscando rotas que possam sustentar um novo produto de primeira classe com descontos. Mas todas estão se movento cautelosamente, querendo evitar a concorrência com suas cabines de classe executiva já estabelecidas e altamente lucrativas. O que deixa uma brecha para as novas companhias aéreas.
Fonte: New York Times (Tradução: Eloise De Vylder)