O último capítulo aconteceu em maio deste ano, quando O Estado noticiou que o superintendente de Planejamento e Gestão da Infraero, Eduardo Ballarin, reuniu-se com o Conselho Temático de Infra-Estrutura da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Na ocasião, foi retomada a discussão sobre a construção da terceira pista, pois chegou-se ao consenso de que a simples ampliação da pista - que seria de cerca de 300 metros - já não seria suficiente.
Segundo informações da própria Infraero, divulgadas em 2004, para operar aviões cargueiros de grande porte e com carga plena, seria necessário uma pista de três mil metros. No entanto, até o primeiro semestre deste ano, o projeto para angariar recursos, que viriam do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), previa apenas a ampliação da pista principal (para 2.560 metros) e do terminal de cargas do aeroporto, ambas as obras com previsão de conclusão em 2009 (veja quadro).
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Estudo da Fiep apontou que a construção da nova pista, com investimento estimado em R$ 200 milhões, ampliaria em 100% a capacidade operacional do aeroporto, incrementando as exportações. Esta semana, a Infraero informou, por meio de sua assessoria de imprensa local, que a parte sobre a ampliação da pista foi retirada do PAC, pelo menos por enquanto, até que o grupo de trabalho da Fiep apresente o resultado final das pesquisas. Já a ampliação do terminal de cargas está em fase de assinatura de contrato para início das obras.
De acordo com a Fiep, a terceira pista propiciaria ainda a transformação do Afonso Pena em hub regional (concentrador no recebimento de aeronaves). Em conseqüência disso, além da redução de custos logísticos, o percurso rodoviário de cargas poderia ser diminuído em até 400 quilômetros e a malha aérea, mais bem distribuída, desafogando os aeroportos de São Paulo. A reportagem de O Estado não conseguiu entrar em contato com representantes da Fiep para saber a quantas anda o estudo.
Se o objetivo da Infraero é transformar a região de Curitiba em um dos pontos fundamentais de importação e exportação via aérea, conforme anunciado várias vezes nos últimos anos, permanece a incógnita sobre a justificativa para o não andamento das obras até o momento.
Sem força política, falhas perduram
Falta de força e interesse políticos é a explicação do diretor regional da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), Walmor Weiss, para a demora dos projetos do Aeroporto Afonso Pena começarem a andar. "Como resultado, temos um aeroporto internacional com pista regional."
A expectativa em 2009 é fazer um trabalho conjunto entre as entidades interessadas nas melhorias do aeroporto para movimentar as obras. "O aeroporto melhorou muito para o usuário, está mais bem organizado e eficiente. Mas o fundamental, que é a pista, continua na mesma", avalia. Informações de pilotos dão conta que, ultimamente, nas decolagens, os aviões têm jogado muita sujeira na pista, o que seria ocasionado pelas laterais, que não estão devidamente mantidas. Além disso, durante chuvas intensas, a pista tem sido interditada, o que demonstraria que o sistema de escoamento não é dos melhores.
A Infraero rebate as informações, afirmando que o Afonso Pena atende a todas as normas e que o problema da sujeira pode acontecer em qualquer aeroporto. Em relação às chuvas, a Infraero informa que não há problemas na pista e que o grooving (ranhuras que auxiliam na drenagem da água) dá a estabilidade necessária. Resta saber se, mesmo depois de implantadas, as melhorias serão suficientes para contornar a constante dor de cabeça do Afonso Pena, que é o fechamento, principalmente para pousos, ocasionado pelas fortes neblinas.
A instalação do sistema de ILS categoria 2, com aproximação de precisão, melhorou em cerca de 30% o índice de pousos e decolagens, mas, para o vice-diretor da faculdade de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Hildebrando Hoffmann, isso não tem resolvido os problemas do dia-a-dia do aeroporto.
Aeroshopping, cinema e garagens
Nestes cinco anos, o Afonso Pena modificou a disposição das lojas, atendendo ao conceito que a Infraero denomina de aeroshopping, que prevê a reformulação do espaço comercial e transforma o local em um espaço de lazer. Antes, qualquer loja podia ocupar qualquer lugar do terminal. Hoje, as locadoras de veículos e casas de câmbio estão dispostas no andar térreo, as lojas de produtos no primeiro andar e, as de serviço, no segundo.
Fonte: Paraná Online - Fotos: Anderson Tozato / Arquivo