A família de Oscar Kodama, de 28 anos, o maringaense que morreu no domingo (31) em Paris, França, de causas ainda desconhecidas, está revoltada com a falta de informações sobre a morte do comerciante. Segundo Gustavo Kodama, irmão mais velho de Oscar, somente por volta das 13h de segunda-feira (1º) os familiares receberam a notícia do falecimento.
Oscar embarcou às 11h50 de sexta-feira (29) no Aeroporto Governador José Richa, em Londrina, Norte do Paraná, no vôo JJ-3330, da TAM, que seguiu para o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, São Paulo. Às 23h do mesmo dia, o brasileiro embarcou, junto a um grupo de brasileiros que iria ao Japão, com destino ao Aeroporto Internacional Charles de Gaulle, em Paris, França, no vôo JJ-8096, também da TAM, onde chegou por volta das 15h de sábado (30), horário de Brasília. De lá, ele seguiria para Narita, no Japão.
Segundo informações repassadas pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) à família, o comerciante chegou a embarcar no vôo NH-206, da All Nippon Airways (ANA), por volta das 20h, mas, enquanto a aeronave taxiava, começou passar mal. “O avião teria então retornado ao terminal, para que Oscar recebesse tratamento médico”, conta Gustavo. “Ele seria remanejado para outro vôo”, diz. “Depois de ter passado a noite em uma sala de atendimento do aeroporto e ser liberado, ele foi ao balcão da ANA para pedir para embarcar no próximo vôo”.
O problema, relata o irmão, é que Oscar não sabia falar japonês, francês ou inglês. Além de não conseguir se comunicar, ele voltou a passar mal e causou estranheza aos atendentes da companhia aérea. Neste momento, de acordo com as informações do Itamaraty, a empresa acionou a polícia francesa, por considerar o comportamento de Oscar “inadequado”. Depois de interrogado, ele teria sido levado ao Hospital Psiquiátrico Sainte-Anne, em Paris. Ao chegar ao local, os policiais constataram que o brasileiro já havia falecido.
Falta de informações
Gustavo diz que a família está revoltada com a falta de informações sobre o irmão. Ele conta que quando Oscar tentava falar com os funcionários da ANA, um passageiro português que estava no aeroporto francês notou a dificuldade de Oscar e tentou ajudá-lo. “Como meu irmão não conseguia falar direito, esse português só conseguiu anotar o número do telefone aqui no Brasil”, lembra. “A informação passada solidariamente pelo português de que Oscar estava mal foi a primeira que tivemos desde o embarque”, diz. “Aí procuramos a ANA, que informou que ele havia sido retirado do vôo e que não sabia do paradeiro dele”, conta. “Fomos atrás do Consulado Brasileiro em Paris em busca de novas informações sobre o paradeiro do Oscar, mas a resposta só veio na segunda-feira, quando soubemos que ele morreu”.
“Se soubéssemos desde o primeiro momento que ele havia passado mal, poderíamos acompanhar as atividades dele”, diz Gustavo. Com o acionamento da polícia e o interrogatório, o irmão acredita que Oscar perdeu muito tempo de atendimento. “Se soubessem do estado de saúde dele e ele tivesse sido levado para o hospital imediatamente ele poderia estaria vivo”.
Segundo as informações que Itamaraty prestou à família, o Tribunal de Grande Instância de Paris determinou imediata abertura de inquérito. O corpo de Oscar encontra-se no Instituto Médico Legal da capital francesa, onde se fará a necropsia. A previsão que deram à família é de que o corpo leve de sete a 40 dias para ser liberado.
Gustavo diz que a família ainda não sabe como deve proceder para o traslado do corpo do irmão. “Precisamos de mais informações do Itamaraty”, reclama. Segundo ele, uma pesquisa rápida feita pela família apontou que seriam necessários entre R$ 40 mil e R$ 50 mil para o deslocamento do corpo até Maringá.
Viagem
Oscar viajava pela primeira vez para o Japão. Gustavo conta que o irmão recebeu a notícia de que estava contratado pela empreiteira Suri-emu havia uma semana. “Ele estava muito animado com a viagem”, conta. “Dizia que iria juntar dinheiro para comprar um carro para o nosso pai, que mora em Dourados, no Mato Grosso do Sul”, lembra. Oscar era o caçula da família e morava com o irmão mais velho, Vagner, de 37 anos. Os três irmãos trabalhavam na franquia de uma fábrica de purificadores de água em Maringá.
Segundo os irmãos, Oscar embarcou com boa saúde. Ele tinha uma deficiência de nascença na glândula supra-renal, mas tomava os medicamentos Decadron e Florinef para controlá-la.
Itamaraty
O Ministério das Relações Exteriores informa que está acompanhando o caso e que prestará todo o apoio de que a família de Oscar precisar. Ainda segundo o Itamaraty, as investigações realizadas pelas autoridades francesas serão acompanhadas pelo Consulado Brasileiro em Paris.
Fontes: Gazeta do Povo / G1