Levantamento do G1 mostra variação de 125% no preço do cafezinho.
Café mais barato é de coador e custa R$ 1 no Aeroporto de Altamira, Pará.
Em Congonhas, itens chegam a custar o dobro do previsto na lanchonete popular
O preço do cafezinho e de outros 14 produtos vendidos nos aeroportos do país ficarão mais baratos. A Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) começa, por Curitiba, a testar a instalação de lanchonetes populares nos aeroportos das cidades-sede da Copa de 2014.
De acordo com levantamento do G1 em alguns estabelecimentos dos principais aeroportos brasileiros, a maioria atualmente pratica valores acima dos que devem ser implementados na nova lanchonete do Aeroporto Afonso Pena - os produtos chegam a custar mais que o dobro. Os preços máximos da nova unidade, com previsão para começar a funcionar em maio, foram definidos em edital publicado nesta quarta-feira (1º) no Diário Oficial da União.
O G1 listou os preços médios de seis itens mais comuns comercializados nos principais aeroportos do país (
Veja a tabela completa ao fim). Conforme os valores fornecidos pelas lanchonetes, o preço do cafezinho pode oscilar até 125%.
Em Curitiba, o edital estabeleceu os limites máximos de preço com base em pesquisas na região (Veja a lista completa). A Infraero pretende licitar um espaço como esse nos aeroportos das cidades-sede da Copa de 2014, exceto Guarulhos, Viracopos e Brasília, em função do processo de concessão dos aeroportos.
Café mais barato
Em vez dos expressos que dominam o mercado de lanches rápidos antes do embarque, o café mais barato do país é de coador, feito pela mulher do seu José Castro, no Aeroporto de Altamira, no Pará – apenas R$ 1. “É que o movimento anda fraco”, diz Castro, que há seis anos conduz a lanchonete, que conseguiu vencendo uma licitação.
“É um café natural, porque o movimento não é tão grande assim. Agora estão falando que vai vir a barragem, em Belo Monte, então o movimento está melhorando. Estamos começando a pensar em colocar o café expresso”, conta o pai de seis filhos. “É a lanchonete Castro, quero que venham experimentar o nosso café.”
Até o cafezinho é caro. Sinto o peso no bolso",
reclama Serelena Tatagiba Paulo no Aeroporto de Vitória
Segundo o levantamento, atualmente o café expresso não é vendido por menos de R$ 2,50. Esse é o preço nos aeroportos da Paraíba, Presidente Castro Pinto, e no Aeroporto de Marabá, no Pará.
“Viajo uma vez por mês para São Paulo e gasto muito com lanche. Em todos os aeroportos que já fui o preço é alto. É um absurdo. Um sanduíche natural custa R$ 8,75. Até o cafezinho é caro. Sinto o peso no bolso", reclama Serelena Tatagiba Paulo no Aeroporto de Vitória, Eurico de Aguiar Salles.
Segundo o edital da Infraero, o sanduíche natural não poderá custar mais de R$ 3,90 na futura lanchonete popular de Curitiba. No Espírito Santo, atualmente uma xícara pequena de expresso sai por R$ 3,25. A média nacional é de R$ 3,20.
Água, pão de queijo e cerveja
O preço de uma garrafa de água de 500 ml tem variação de 200%. A mais barata sai a R$ 1,50 nos aeroportos de Goiânia e no Internacional Eduardo Gomes, em Manaus. O passageiro também pode pagar R$ 4,50 por uma garrafinha no Aeroporto Internacional Pinto Martins, no Ceará.
O pão de queijo tem a maior variação de preços, 300%. Isso porque, no Aeroporto de Santarém, no Pará, a iguaria custa apenas R$ 1, enquanto no Afonso Pena chega a custar R$ 4. Ou sai ainda por R$ 3,60 no Aeroporto Internacional em Cumbica, Guarulhos. Lá, uma lata de cerveja chega a custar R$ 7,60.
A variação de preço de uma cerveja em lata é de 160% nos aeroportos. Já uma lata de refrigerante chega a variar 133%. A coxinha é o item com menor variação, 75%, mas nem todos os aeroportos possuem a iguaria, que chega a custar R$ 5,10 no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
Se as novas lanchonetes tiverem os mesmos preços do que a lanchonete do Afonso Pena, os mesmos produtos seriam vendidos, respectivamente, por R$ 2,70 (café), R$ 2,30 (água) e R$ 2 (pão de queijo).
“Acho um absurdo”, diz o também capixaba Geovan Lemes, administrador. “Esses estabelecimentos não precisam disso, o movimento é grande demais. Não é necessário esse valor absurdo. E como só tem uma lanchonete aqui, não temos saída. Ainda mais quando se tem filhos. É uma verdadeira exploração.”
Segundo a administradora dos aeroportos do país, a intenção das novas lanchonetes é estimular a concorrência entre os estabelecimentos. Nas lanchonetes populares, os preços de 15 produtos terão o valor máximo estipulado pelo governo federal.
Fonte: Rosanne D'Agostino (G1 de 03/02/2012) - Fotos: Flávio Moraes (G1) / Darshany Loyola (G1)