Aeronave com documentação vencida pousa em terreno no Jardim Terra Branca, atrai curiosos e policiais
Os últimos dias têm sido agitados para os moradores de bairros da periferia de Bauru. Há pouco mais de uma semana, os moradores do Parque Real tiveram a rotina tumultuada com a chegada do apresentador Luciano Huck, que veio de avião do Rio de Janeiro para fazer a entrega de uma casa no bairro.
Na tarde de terça-feira (3), foi a vez do Jardim Terra Branca ganhar destaque na mídia. A surpresa também veio do céu: os moradores se espantaram com um helicóptero que pousou em um terreno do bairro, na quadra 14 da rua Venezuela.
Como a aeronave voava baixo pela região, alguns moradores, preocupados, chamaram a Polícia Militar. “A gente chama porque, se acontece alguma coisa, uma queda, explosão, pode ser pior. Então, melhor prevenir”, disse um morador que preferiu não ter o nome revelado.
O helicóptero, do modelo Robinson, com lugar para piloto, co-piloto e dois passageiros, é todo pintado de preto. Pousou sobre uma carreta, puxada por uma caminhonete S 10 com placa de Londrina-PR. A placa da carreta é de Paraguaçu Paulista, cidade onde vivem os proprietários da aeronave.
Pelo local, moradores e curiosos paravam para fotografar. “Nós nunca vimos um desse de perto. Todo mundo está vindo ver”, comentava a pedreira Sônia Aparecida da Silva, 46 anos.
Irregular
Os proprietários, que pediram para não ter os nomes divulgados, são empresários e se espantaram com a repercussão do caso. Um deles afirmou ser o piloto da aeronave. “Nunca vi isso. A gente sempre pousa sem problema”, comentou um deles, antes de serem conduzidos à delegacia.
No plantão policial, o delegado Mário Henrique de Oliveira Ramos constatou que o helicóptero estava com a documentação que certifica a segurança da aeronave – vencida desde 2007. A licença do piloto também estava vencida, desde outubro de 2010.
Eles alegam ter vindo a Bauru a pedido de um colega, que desejava que eles fizessem fotos aéreas de prédios no Jardim Terra Branca. No entanto, os policiais militares não encontraram a câmera fotográfica na aeronave.
Os proprietários informaram que o responsável pelas fotos seria um homem chamado “Marcelo”, que foi embora antes da chegada dos policiais. Marcelo seria também piloto. Os empresários não tinham mais informações sobre ele. Vizinhos que estavam pelo local confirmaram que um terceiro homem teria saído do helicóptero e ido embora em outro carro antes da chegada da polícia.
Proprietários autuados por infração
Os proprietários foram autuados por pilotar com documentação vencida e por subir e descer em local inadequado. Terão de pagar multa para reaver a aeronave.
800.000 reais: é o valor aproximado da aeronave
Infrações diversas
De acordo com assessoria de imprensa da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o órgão é responsável por questões relacionadas à documentação. Quanto ao local de pouso, cabe à FAB (Força Aérea Brasileira) fiscalizar.
Atração
O helicóptero ficou mais de quatro horas ficou estacionado em frente ao plantão policial, na rua Azarias Leite. Muita gente aproveitou para fotografar e até filmar. "Vou por no Facebook”, disse o repositor Danilo Weser.
Sem ‘placa’ e sem autorização para pouso e voo
De acordo com o delegado que atendeu a ocorrência, compete à polícia de Bauru atuar no que diz respeito ao risco à população. Ele explica que, por estar com o licenciamento vencido, a aeronave pode apresentar falhas na segurança, que podem resultar em problemas durante o voo.
Assim como a falta de fiscalização quanto à segurança do helicóptero, o pouso em local inadequado resulta em riscos para os moradores do local. “Se acontece uma pane, esse helicóptero cai e mata alguém, os donos podem ser acusados de homicídio doloso”, diz Mário Henrique de Oliveira Ramos.
O delegado explica que, a partir do momento em que os responsáveis pela aeronave negligenciam os cuidados básicos para garantir a segurança do voo, estão assumindo os riscos de um acidente.
Outro erro cometido pelos dois homens foi ignorar a fiscalização aérea.
“O espaço aéreo de Bauru é controlado. Precisa de autorização da Infraero [Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária] para voar. Eles não podiam fazer isso”, diz o delegado.
O fato de a aeronave estar sem a numeração de identificação também chamou a atenção dos policiais. “É como se tivessem arrancado a placa de um carro. Não dá pra fiscalizar se ele cometer infrações”, ressaltou o delegado.
Fonte: Carolina Bataier e Juliana Lobato (Agência Bom Dia) - Foto: Diário de SP