Malásia vive 2ª tragédia em menos de cinco meses envolvendo a mesma companhia aérea; voo pode ter sido abatido na Ucrânia.
Dois Boeings 777. Dois desastres de aviação incrivelmente raros. E uma companhia aérea.
Mulher chora ao saber que avião da Malaysia Airlines caiu no leste da
Ucrânia, no aeroporto internacional de Kuala Lampur em Sepang, Malásia
No que parece ser uma coincidência espantosa, a Malásia está se recuperando da segunda tragédia que atinge a companhia aérea nacional em menos de cinco meses.
Em 8 de março, avião da Malaysia Airlines desapareceu cerca de uma hora depois de decolar de Kuala Lumpur dando início a um mistério internacional que permanece sem solução. Na quinta-feira (17), a companhia aérea - e a nação - foi lançada em outra crise após o mesmo tipo de aeronave ter caído sobre a Ucrânia.
De acordo com a Ucrânia, o avião foi derrubado por um míssil sobre a parte oriental do país, região assolada pela violência. Outros detalhes sobre o incidente estão apenas começando a aparecer. Mas o que é certo é que a companhia aérea e a nação devem se preparar para outro encontro com a dor, recriminações, crítica internacional e intensas implicações jurídicas e diplomáticas.
Em meio a tudo isso, uma pergunta: como poderia o desastre atacar a mesma companhia aérea duas vezes em tão curto espaço de tempo?
"Qualquer um desses eventos tem uma probabilidade incrivelmente baixa de acontecer", disse John Cox, presidente e CEO da Segurança Sistemas Operacionais, ex-piloto de linha aérea e investigador de acidentes. "Para acontecer dois deles com poucos meses de diferença então, é certamente sem precedentes."
O primeiro desastre que marcou profundamente a Malásia deixou o mundo estupefato. Como poderia um Boeing 777-200ER, um jato jumbo moderno, simplesmente desaparecer? O voo MH370 saiu de curso durante trajeto para Pequim e acredita-se que caiu no Oceano Índico, ao longe da costa da Austrália Ocidental.
A área de buscas foi alterada várias vezes, mas não houve nenhum sinal da aeronave ou das 239 pessoas a bordo. Desde então, a forma como o avião chegou até o local da queda provavelmente permanecerá um mistério.
Na quinta não havia mistério algum sobre o paradeiro do Boeing 777-200ER, que caiu durante um voo de Amsterdã a Kuala Lumpur com 280 passageiros e 15 tripulantes. Seus destroços foram encontrados na Ucrânia e não houve sobreviventes.
Autoridades disseram que o avião foi abatido a uma altitude de 10 mil metros. A região tem sido palco de lutas intensas entre forças ucranianas e separatistas pró-Rússia nos últimos dias.
A Malaysia Airlines foi amplamente criticada pela forma como lidou com a caçada e investigação sobre o voo MH370. Parentes das vítimas acusam a companhia de encobrir os fatos, além de teorias da conspiração persistentes sobre o destino do avião, incluindo a que ele possa ter sido abatido.
Não há nenhuma razão imediata que interligue os dois desastres que se abateram sobre a companhia aérea. Cox disse que de acordo com seu conhecimento, não havia nenhuma proibição contra voar sobre o leste da Ucrânia, apesar da violência em terra. Ele disse que, se o avião foi abatido por um míssil, o piloto provavelmente nem soube.
"Um míssil como esse normalmente atinge o avião pela parte de trás. Não há razão para o piloto ter visto isso", disse ele.
Malaysia Airlines foi especialmente criticada pela forma como lidou com a comunicação após o desaparecimento da aeronave, que apresentou desafios únicos devido à incerteza dos parentes das pessoas a bordo. Com o avião batendo sobre a terra nesta quinta e seus destroços já localizados, não haverá esse problema. Mas a investigação de agora será tão sensível quanto a anterior. Haverá implicações legais e diplomáticas, quando o responsável for apontado.
"A companhia aérea e o Ministério dos Transportes da Malásia sofreram grandes críticas pelo modo como lidaram com o MH370, devido à sua inexperiência", afirmou Charles Oman, professor do departamento de aeronáutica e astronáutica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
"Esperamos que eles sejam melhores desta vez", continuou ele.
O acidente certamente irá causar mais prejuízos financeiros a Malaysia Airlines. Mesmo antes do desastre ocorrido em março, a companhia havia informado perdas por causa da forte concorrência de companhias de baixo custo. Depois disso, passageiros têm cancelado voos e apesar de a companhia aérea ter assegurado, enfrenta incerteza sobre os pagamentos às famílias das vítimas.
Fonte: iG (com AP)