A Rússia e o Ocidente trocaram acusações nesta sexta-feira sobre a investigação do acidente do voo MH17 na Ucrânia, em uma tensa sessão do Conselho de Segurança da ONU. A Holanda, que lidera esses esforços, exigiu acesso completo ao local onde estão os restos do avião.
Dois meses depois do fato, o principal órgão de decisão das Nações Unidas voltou a evidenciar sua divisão ao analisar os progressos da investigação, que segundo o relatório preliminar foi derrubado por algum tipo de projétil.
A Holanda, que perdeu 196 cidadãos, denunciou que os especialistas internacionais seguem sem ter acesso ao local do acidente devido aos problemas de segurança que são vividos na zona, apesar do próprio Conselho de Segurança exigir em uma resolução que o trabalho fosse facilitado.
"Peço a todas as partes relevantes que assegurem acesso imediato e seguro ao local", disse o ministro holandês das Relações Exteriores, Frans Timmermans, que assegurou que seu país completará a investigação "tão em breve como a situação de segurança se o permita".
A Austrália, que tinha 38 cidadãos ou residentes no avião, também expressou sua preocupação pelas dificuldades para chegar aos restos da aeronave e pelos riscos que correram os analistas deslocados à zona, dos quais culpou à Rússia.
"A situação de segurança ao redor do local e em grande parte do leste da Ucrânia se deteriorou pelo apoio russo aos grupos separatistas", disse a ministra australiana das Relações Exteriores, Julie Bishop, ao Conselho.
Os Estados Unidos e o Reino Unido, enquanto isso, insistiram que a Rússia tem responsabilidade pela instabilidade na Ucrânia e deve responder a várias perguntas sobre o caso do avião de Malaysia Airlines.
Além disso, atacaram a Rússia por, na sua opinião, questionar a credibilidade da investigação internacional e não fazer tudo o que é possível para esclarecer os fatos.
"A Rússia deixou claro que sua verdadeira intenção não é saber da investigação, mas desacreditá-la", disse a embaixadora americana perante a ONU, Samantha Power.
Já o embaixador russo, Vitaly Churkin, disse que para seu país o relatório preliminar não responde às perguntas necessárias e defende a necessidade das Nações Unidas participarem como tal na investigação para garantir verdadeiramente sua independência.
Churkin criticou que no documento holandês não se dê "nenhuma informação conclusiva" e lamentou que neste não haja referências à presença de unidades militares ucranianas na zona no momento do impacto.
O avião comercial malaio que decolou de Amsterdã em 17 de julho e se dirigia a Kuala Lumpur, transportava 283 passageiros e 15 tripulantes, estes de nacionalidade malaia.
Fonte: EFE via Info Online - Foto: EFE