Ontem, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, acusou Israel de querer "aniquilar" a população de Gaza, onde já morreram pelo menos 975 palestinos desde 27 de dezembro, de acordo com último balanço divulgado pelo chefe dos serviços de urgência em Gaza, Muawiya Hassanein.
No lado israelense, até o momento, morreram dez militares e três civis.
Pelo menos 70 palestinos perderam a vida nas últimas horas dentro e nos arredores da cidade de Gaza, assim como em outros setores do território controlado pelo Hamas.
Foto: Palestinos caminham sobre os destroços de um prédio, depois de ataque aéreo israelense na Cidade de Gaza
Paralelamente, combates opuseram os soldados israelenses a bordo de blindados a ativistas armados no norte da Faixa de Gaza, informaram testemunhas.
O barulho de explosões de obuses e dos disparos de artilharia ressonou durante todo o dia, enquanto intensos bombardeios sobre Rafah (sul, perto da fronteira egípcia) levaram centenas de moradores a abandonar suas casas, em busca de abrigo, informou um membro da ONG Care.
O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, anunciou que a ofensiva alcançou "a maioria" dos objetivos, "mas, provavelmente, não todos".
O fato é que a operação israelense ainda não conseguiu acabar com os disparos de foguetes contra o sul de Israel, onde caíram três desses artefatos e um obus de morteiro, sem deixar vítimas, anunciou o Exército.
"Tivemos vários êxitos contra o regime, as infra-estruturas e o braço militar do Hamas, mas nossa missão não terminou", frisou o chefe do Estado-Maior israelense, Gabi Ashkenazi, insistindo no caráter "complicado" dos conflitos.
O deputado ultranacionalista israelense Avigdor Lieberman defendeu, nesta terça, que Israel deve combater o Hamas "como os Estados Unidos combateram os japoneses na Segunda Guerra Mundial", em uma aparente alusão ao uso da bomba atômica.
No nível diplomático, o Egito esperava, hoje, que o Hamas se comprometesse rapidamente com seu plano para obter um cessar-fogo em Gaza, apesar das reservas expressas pelo movimento islamita.
O subchefe do escritório político do Hamas no exílio em Damasco, Musa Abu Marzuk, disse hoje que há uma "possibilidade" de que o grupo aceite o plano egípcio, mas com certas modificações. O enviado israelense, Amos Gilad, irá ao Cairo na quinta-feira para negociar o plano.
Arábia Saudita, Egito e Kuwait rejeitaram nesta terça realizar uma cúpula extraordinária do mundo árabe sobre a situação em Gaza e tratarão do assunto na cúpula econômica que será realizada no Kuwait, no início da semana que vem.
Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU deu seu apoio ao secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, antes de sua partida para o Oriente Médio, onde tentará pôr fim aos combates entre Israel e Hamas, com a aplicação da resolução 1.860, que convoca um cessar-fogo imediato. Essa foi a primeira reunião do Conselho desde que a resolução 1.860 foi adotada, na quinta passada.
Em Washington, a próxima secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, garantiu no Congresso que o governo de Barack Obama fará "todos os esforços possíveis" para conseguir um acordo de paz entre israelenses e palestinos, mas se negou a negociar com o Hamas, enquanto esse não reconhecer o Estado de Israel e renunciar à violência.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, mostrou-se "profundamente perturbado" com as cenas de sofrimento em Gaza e, hoje, falou com o premier de Israel, Ehud Olmert, e com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, para pressioná-los por um cessar-fogo.
Em Genebra, as agências humanitárias da ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR) expressaram sua "crescente frustração" por não poderem socorrer, de maneira eficaz, a população indefesa da Faixa de Gaza.
Nesse sentido, Olmert encarregou seu ministro de Assuntos Sociais, Isaac Herzog, da coordenação da ajuda humanitária à população civil na região.
Fonte: AFP