- Eles (os argentinos) têm alguns de nossos equipamentos de comunicação. Não existe razão para não devolvê-los. A próxima vez que vir a presidente Kirchner vou perguntar: podemos recuperar nosso equipamento? - disse o presidente dos EUA.
A decisão de Obama de não incluir a Argentina (o presidente americano visitou esta semana o Brasil, Chile e El Salvador) em seu roteiro latino-americano irritou profundamente a Casa Rosada e aprofundou ainda mais a crise bilateral.
Numa situação inédita para o país, o próprio ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman, presenciou o momento em que as autoridades da alfândega argentina revistaram a carga do avião. Os militares americanos negaram-se a abrir parte das caixas transportadas e o governo argentino, representando por Timerman, os obrigou a mostrarem todo o material. Após a operação, as autoridades locais confiscaram parte do material, incluindo medicamentos, equipamentos de comunicação e armas.
Diplomata que é 'absolutamente necessário' que a Argentina devolva o material
O secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos para a América Latina, Arturo Valenzuela, disse na segunda-feira que é "absolutamente necessário" que a Argentina devolva "imediatamente" o material confiscado pelas autoridades do país em um avião da Força Aérea americana.
- Não houve nenhuma intenção de violar leis argentinas. Pelo contrário, o que se buscava era a disposição de ter um trabalho conjunto, respeitoso, construtivo. É absolutamente necessário que esses materiais sejam devolvidos imediatamente - disse Valenzuela em entrevista à emissora CNN em Espanhol.
- Não faz sentido que tenham expropriado materiais dessa forma, especialmente quando, como insisto, o que se estava realizando era um projeto de trabalho conjunto, autorizado por ambos os países, para encarar um tema tão importante como é o resgate de reféns - assinalou o diplomata.
O incidente causou tensão entre Washington e Buenos Aires, mas Valenzuela criticou nesta segunda-feira a Argentina por ter reagido com "acusações desmesuradas", levando em conta que os dois países têm boa cooperação em assuntos de defesa e segurança cidadã.
Valenzuela explicou que "os remédios são usados pelas pessoas quando estão fazendo este tipo de exercícios porque pode haver acidentes. É óbvio que há muito material de preparação, mas não é nada fora de ordem".
O subsecretário acrescentou que as autoridades dos Estados Unidos decidiram suspender o curso, porque "a forma como amedrontaram o pessoal americano foi uma coisa improcedente".
Valenzuela reiterou que, para resolver a situação atual, primeiro a Argentina tem que devolver o material apreendido e, posteriormente, os países devem "virar a página" para continuar colaborando em temas de interesse comum.
Fonte: Janaína Figueiredo (O Globo) - Foto: larazon.com.ar