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Fotos: Mark Greenberg (Virgin Galactic) via Flickr
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Os motoristas que trafegavam pela rodovia BR-282, que liga Florianópolis a São José (SC), foram surpreendidos por duas carretas que transportavam um avião, na manhã desta segunda-feira (22). A aeronave foi doada pela Força Aérea Brasileira (FAB) para a escola de mecânica aeronáutica do Senai. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o tráfego de veículos no trecho não precisou ser interrompido.
Em nota, o Senai informou que o Bandeirante, de fabricação da Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer), saiu do Rio de Janeiro, na sexta-feira (19), e foi transportado para a Base Aérea de Florianópolis, onde chegou neste domingo (21). "Optamos por deixar o avião em poder da FAB até a manhã desta segunda-feira por razões de segurança", disse José Valcir Souza, coordenador do curso de mecânica aeronáutica do Senai.
Ainda segundo Souza, o avião será usado em três módulos do curso, que tem cerca de 200 alunos matriculados. "Um deles é o curso de aviônicos (que cuida da parte eletrônica), o outro é de célula (estrutura e fuselagem) e o último é de grupo motopropulsor (que trata do motor dos aviões). Por isso a aeronave doada pela FAB está inteira, com todos os equipamentos."
Para fazer o transporte do avião, os estabilizadores vertical e horizontal foram desmontados e as antenas superiores foram retiradas. "Essas partes, além das asas, foram colocadas em uma segunda carreta por questões de logística. Se estivessem montadas, elas passariam da largura da carreta e também poderiam atingir os fios de iluminação pública do trajeto", disse Souza.
Fontes: G1 / Terra - Foto: Guto Kuerten (Diário Catarinense/Ag.RBS)
Mas as preocupações de um grupo de físicos já estão extrapolando este que pode ser maior mistério com que a humanidade se defronta.
Para eles, não se trata mais de responder se existe vida em outras partes do nosso Universo, mas se há vidas em outros universos além do nosso.
Pense nesse multiverso hipotético como se fosse um mega-universo cheio de inúmeros universos menores, entre os quais o nosso próprio. O assunto, se parece esquisito demais, sempre chamou a atenção dos físicos teóricos.
Mais especificamente, esses pesquisadores querem saber se pode haver vida em um universo significativamente diferente do nosso, ainda que não saibamos bem o nosso lugar no nosso velho e bom Universo.
Vida em outros universos
Uma resposta definitiva à questão é de fato impossível, já que não conhecemos uma forma de estudar diretamente outros universos. Mas os cosmologistas já sentem-se à vontade para discutir teoricamente sobre a existência de uma multiplicidade de outros universos, cada um deles com suas próprias leis da física.
Robert Jaffe, Alejandro Jenkins e Itamar Kimchi, ligados à Universidade da Flórida e ao MIT, acreditam ter argumentos suficientes para demonstrar que, em teoria, outros universos, mesmo muito diferentes do nosso, podem desenvolver elementos similares ao carbono, ao hidrogênio e ao oxigênio, o que deixa aberta a possibilidade de que eles contenham formas de vida de fato muito similares à nossa.
Ainda que as massas desses elementos "extra-universais" sejam completamente diferentes, a vida pode ter encontrado seus próprios caminhos. "Você pode alterá-las significativamente sem eliminar a possibilidade de que exista química orgânica no universo," diz Jenkins.
Outras leis da física
Uma hipótese dentro da cosmologia moderna propõe que um Fluxo Escuro - que vem juntar-se à matéria escura e à energia escura - seria uma evidência de que o nosso é apenas um universo contido em um multiverso. Existem inclusive propostas para encontrar uma quarta dimensão do espaço.
Alan Guth propõe que a natureza está constantemente criando universos, cada vez com leis físicas ligeiramente diferentes, ou mesmo totalmente diferentes das que conhecemos.
Alguns desses universos, defendem os cientistas, não duram mais do que alguns instantes, colapsando sobre si mesmos e desaparecendo. Em outros, as forças entre as partículas são pequenas demais para dar origem a átomos ou moléculas.
Entretanto, em alguns desses universos, nos quais as condições sejam adequadas para que a energia inicial se expresse na forma de matéria, podem surgir átomos, moléculas, planetas e galáxias. E, onde há planetas e galáxias, há sempre a possibilidade de que os elementos adequados se juntem para formar vida, vida inteligente e civilizações.
Hipótese antrópica
O homem sempre explicou o mundo a partir de si mesmo. Por milênios, consideramo-nos o centro do Universo. Ainda hoje, mesmo alguns cientistas sentem-se desconfortáveis em falar sobre formas de vida diferentes da nossa, apoiando-se na conjectura estritamente conservadora de que elas nunca foram observadas.
Segundo os teóricos do multiverso, contudo, essa suposição de que condições ligeiramente diferentes das presentes em nosso Universo impediriam de todo a existência de qualquer tipo de vida nada mais é do que um resquício dessa mania histórica de colocar o homem no centro de tudo.
É o que eles chamam de "hipótese antrópica", que vai muito além do que se poderia imaginar, chegando mesmo a explicar as leis físicas como existindo quase que em função da existência do homem. Se as "condições corretas" não existirem - vale dizer, as condições nas quais a vida como a conhecemos consegue se manter - então não existiria vida de jeito nenhum.
Os proponentes da teoria do multiverso questionam essa postura, e propõem a existência de universos com leis físicas diferentes, mas que, ainda assim, têm totais condições de conterem suas próprias formas de vida.
Universos familiares
Contudo, como é difícil falar em formas de vida totalmente bizarras, os pesquisadores resolveram se especializar em outros universos cujas forças nuclear e eletromagnética são parecidas com as que conhecemos, de tal forma que possam emergir átomos e moléculas.
Para restringir ainda mais o estudo, eles centraram sua atenção em vidas baseadas na familiar química do carbono que nos deu origem.
Ou seja, admitimos que possam existir universos de quaisquer tipos, com quaisquer leis físicas, resultando em conformações de matéria, energia, e eventualmente vida, inimagináveis - mas escolhemos "estudar" os universos que se parecem com o nosso o suficiente para que nos sentíssemos confortáveis se fôssemos instantaneamente transportados para lá.
Alterando os quarks
"Se você não tiver uma entidade estável com a química do hidrogênio, você não terá hidrocarbonos, ou carboidratos complexos, e você acabará não tendo vida," afirma Jaffe, eventualmente circunscrevendo-se novamente à hipótese antrópica, pelo menos para "efeitos práticos da sua teoria" - ainda que tal expressão possa parecer esdrúxula demais.
"O mesmo acontece com o carbono e o oxigênio. Além desses três nós sentimos que todo o resto é detalhe," acrescenta o pesquisador.
A partir daí, eles decidiram ver o que poderia acontecer com esses elementos fundamentais quando as massas de partículas elementares, chamadas quarks, são alteradas.
Em nosso Universo, existem seis tipos de quarks, que são os blocos fundamentais dos prótons, nêutrons e elétrons. Os pesquisadores centraram sua atenção nos quarks "alto", "baixo" e "estranho", que são os mais leves e os mais comuns, que se juntam para formar os prótons e os nêutrons, além dos chamados "hiperons" - veja Cientistas transformam energia em matéria.
Em nosso Universo, o quark baixo é cerca de duas vezes mais pesado do que o quark alto, resultando em nêutrons que são cerca de 0,1 vez mais pesados do que os prótons.
Os cientistas então modelaram uma família de universos nos quais o quark baixo fosse mais leve do que o quark alto, levando a prótons que seriam ligeiramente mais pesados do que os nêutrons. Neste cenário, o hidrogênio não poderia ser estável, mas seu isótopo deutério, ou trício, que é ligeiramente mais pesado, seria.
Um isótopo de carbono conhecido como carbono-14 também seria estável, assim como uma forma específica de oxigênio. Desta forma, as reações orgânicas necessárias à vida seriam possíveis.
Os cientistas se concentraram nos quarks porque já sabemos o suficiente sobre eles para predizer o que aconteceria se suas massas fossem diferentes. Entretanto, "qualquer tentativa para lidar com o problema de forma mais ampla torna-se muito difícil," dizem eles.
Forças fundamentais
Mas seus colegas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley afirmam que universos com possibilidade de vida semelhante à nossa poderiam emergir mesmo se não apresentarem uma das quatro forças fundamentais do nosso Universo - a força nuclear fraca, que permite as reações que transformam nêutrons em prótons e vice-versa.
Esse grupo de cientistas demonstrou que o ajuste adequado das outras três forças fundamentais poderia compensar a falta da força nuclear fraca e permitir a formação de elementos estáveis.
Constante cosmológica
Mark Wise, do Caltech, afirma que estes novos estudos avançam o conhecimento ao mexer em várias constantes ao mesmo tempo. Quando se varia apenas uma constante, fatalmente os resultados mostram um universo nada hospitaleiro, o que leva à conclusão - errônea, segundo ele - de que outros universos com vida são impossíveis.
Segundo Wise, um parâmetro físico que parece ser extremamente bem ajustado é a constante cosmológica - uma medida da pressão exercida pelo espaço vazio, que faz com que o Universo se contraia ou se expanda. Quando a constante cosmológica é positiva, o espaço se expande; quando negativa, o universo colapsa sobre si mesmo.
Em nosso universo, a constante cosmológica é positiva, mas muito pequena - qualquer valor maior faria o universo expandir-se rápido demais para que as galáxias pudessem se formar. Entretanto, Wise e seus colegas demonstraram que é teoricamente possível que mudanças na densidade cosmológica primordial poderiam compensar ao menos pequenas variações no valor da própria constante cosmológica.
Possibilidades
Infelizmente, não há formas conhecidas de saber ao certo se existem outros universos além do nosso, e, se houver, se eles podem sustentar formas de vida baseadas em carbono, como a nossa.
Mas isto não é razão suficiente para fazer os físicos pararem de explorar as possibilidades. Para conhecer outros exemplos dessas explorações, veja Nosso Universo pode ser um gigantesco holograma e A Terra não está no centro do Universo, versão século XXI.
Fonte: Inovação Tecnológica (Baseado em artigo de Anne Trafton - MIT)
Felix Baumgartner em treinamento em um túnel de vento, em Perris, na Califórnia, para o salto que ele pretende fazer a partir de um balão na estratosfera
Mas agora, Felix, o Destemido, apelido pelo qual seus fãs o conhecem, tem tarefa mais árdua ainda a realizar: saltar de um balão de hélio na estratosfera, a pelo menos 36,5 mil metros de altitude. Em meio minuto, calcula, sua velocidade seria de mais de 1.100 km/h, e com isso ele se tornaria o primeiro paraquedista a ultrapassar a barreira do som. Depois de uma queda livre de cinco minutos e meio, o paraquedas se abriria para o pouso, quase 37 quilômetros abaixo.
Esse é o plano, ao menos, se bem que ninguém saiba o que a onda de choque fará ao seu corpo quando ele exceder a velocidade do som. O salto, que deve acontecer este ano, quebraria um dos mais veneráveis recordes aerospaciais. Por meio século, ninguém superou (e um homem morreu tentando) o recorde de altitude estabelecido por Joe Kittinger como parte do Projeto Excelsior, da força aérea americana.
Em 1960, Kittinger tinha 32 anos e era piloto na força aérea; ele saltou de um balão a 31,3 mil metros sobre o deserto do Novo México. Hoje com 81 anos, Kittinger é um coronel reformado e parte da equipe Red Bull Stratos, que trabalha no salto de Baumgartner, financiado pela fabricante de bebidas energéticas.
"Por 50 anos", disse Kittinger, "recebi telefonemas de pessoas do mundo inteiro que queriam quebrar meu recorde - um ou até dois ao mês. Mas nunca me envolvi porque essas pessoas não faziam ideia dos desafios. O que me atraiu ao projeto da Red Bull foi a abordagem metodológica quanto à segurança e quanto a obter avanços científicos com o projeto".
Mais de três dúzias de veteranos da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) , da força aérea e do setor aerospacial dos Estados Unidos estão trabalhando há três anos para planejar o salto, construir o balão e uma cápsula pressurizada e adaptar um traje de astronauta para Baumgartner. Além do recorde, eles conduzem pesquisas fisiológicas e estão desenvolvendo procedimentos para que futuros astronautas sobrevivam a perdas de pressão de cabine ou a evacuações de emergência na estratosfera.
Uma das preocupações é evitar um problema que quase matou Kittinger no Projeto Excelsior. Sua queda deveria ter sido estabilizada por um pequeno paraquedas de arrasto, mas este não se abriu em um salto de teste de 1959, porque o cordão se emaranhou no pescoço do oficial.
Como resultado, o corpo de Kittinger entrou em rotação que chegou às 120 revoluções por minuto, em um salto iniciado a mais de 18 mil metros. Ele desmaiou e só recuperou a consciência quando o paraquedas de reserva se abriu automaticamente, a cerca de 1,5 mil metros do solo. Quando despertou, ele escreveu mais tarde, achava inicialmente que estava morto, mas viu o paraquedas aberto por sobre e percebeu que "parecia impossível, mas eu estava maravilhosamente vivo".
Baumgartner, 41, ex-paraquedista das forças especiais austríacas, espera não precisar de um paraquedas de arrasto, e planeja evitar rotação ajustando o ângulo de seu corpo e mantendo os braços paralelos ao tórax.
Mas para sobreviver ao quase vácuo e às temperaturas gélidas da atmosfera, ele necessitará de capacete fechado e traje de pressurização. Muitos aviões romperam a barreira do som, mas a tarefa é misteriosa para um ser humano, diz Art Thompson, diretor de projetos da Red Bull Stratos e antigo engenheiro da Northrop no programa do bombardeiro B-2. As ondas de choque de uma queda supersônica poderiam prejudicar o corpo humano, ou criar desastrosas turbulências.
"Não sabemos o que acontecerá a Feliz e ao traje quando ele ultrapassar a velocidade do som", diz Mike Todd, outro dos engenheiros do projeto, que trabalhou na divisão de pesquisa da Lockheed, em trajes pressurizados para os aviões de espionagem que operavam em altitude elevada para a força aérea norte-americano. "Felix pode descer sem problemas, mas caso metade do traje esteja supersônica e a outra não, pode haver turbulência que descontrolaria seu voo".
Riscos como esses são um dos motivos para que o recorde de Kittinger perdure há meio século. Funcionários da Nasa e da força aérea, compreensivelmente, relutam em explicar a comitês legislativos os potenciais percalços de projetos como esse.
Mas os aventureiros privados têm mais liberdade para correr riscos. O diretor médico da equipe de Baumgartner, Dr. Jonathan Clark, ex-diretor de saúde das tripulações de ônibus espaciais da Nasa, diz que o espírito em que esse projeto está sendo realizado o leva a recordar os primeiros dias da corrida espacial.
"É uma tarefa realmente arriscada, colocar alguém lá em um ambiente extremo, para romper a barreira do som", disse Clark. "Será uma grande façanha técnica. É como o começo da Nasa, aquele sentimento estimulante de que não sabemos o que teremos de enfrentar, mas faremos todo o possível para superar qualquer obstáculo".
Assista ao salto de Felix Baumgartner no Rio de Janeiro:
Fonte: The New York Times - Tradução: Amy Traduções via Terra - Foto: Garth Milan (The New York Times)