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Hoje na reserva, o brigadeiro de 67 anos foi considerado por muitos anos o guardião da chave do cofre de segredos ufológicos brasileiros. Foi ele quem ordenou o recolhimento de todo material sigiloso produzido sobre o tema espalhado em bases aéreas e aeroportos do Brasil. A papelada foi levada para o Comando de Defesa Aeroespacial (Comdabra), em Brasília, onde ele exercia a função de comandante- geral, no início da década. Mas somente no ano passado os documentos começaram a chegar ao arquivo nacional.
Revirar os porões das Forças Armadas e revelar os segredos ufológicos é uma tendência verificada em outros países (leia quadro). "Com essa abertura, a Aeronáutica reconhece a necessidade de tratar o fenômeno UFO de maneira séria, deixando de lado o tom pejorativo e irreverente que quase sempre aparece quando se levanta a plausível hipótese de estarmos recebendo a visita de seres extraterrestres", diz Ademar José Gevaerd, 47 anos, coordenador da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que elaborou uma campanha em prol da liberdade de informações sobre UFOs.
Hoje, a pessoa que quiser relatar a aparição de um óvni dificilmente encontrará eco na FAB. "A Aeronáutica não dispõe de estrutura especializada para realizar investigações científicas", informou a FAB à IstoÉ. Porém, durante o funcionamento do Sioani, no IV Comar, toda testemunha era submetida a exames nos quais se avaliavam a presença de psicopatologia, o desvio de personalidade ou a tendência à mitomania. O Sioani procurava saber, ainda, a condição psicofísica da pessoa no momento da observação (em jejum, alimentado, com teor alcoólico, cansado, trabalhando ou distraído), se ela vivia tensões familiares ou políticas e qual religião seguia. O local da aparição do oani (objeto aéreo não identificado, como o óvni era chamado à época) também era esmiuçado: tipo de vegetação, umidade e temperatura aparecem citados nos relatórios.
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"Admitir a 'possibilidade' de existência do oani é atitude científica... penetrar no âmago do fenômeno, investigando- o sob os aspectos psiquiátricos, psicológicos, sociológicos, astronômicos, meteorológicos, jurídicos, etc, constitui uma necessidade. Eis a posição em que se coloca o Ministério da Aeronáutica", diz um dos dois boletins produzidos pelo Sioani, que encerrou suas atividades supostamente porque pesquisar discos voadores não interessava mais aos militares, em meio à repressão no País.
Para os ufólogos, seria fundamental a liberação das filmagens feitas na selva amazônica para um estudo mais apurado dos fenômenos. No momento, nenhuma das 16 horas de filmagens feitas em super-16 mm estão disponíveis para consulta. Poucas pessoas fora do ambiente militar tiveram acesso a esse material. Pedagoga aposentada, em Belém, Nahima Lopes de Oliveira Gonçalves assistiu às gravações. Ela é filha do brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, que era comandante do I Comar, em 1977. "Papai chegava com os rolos de filmes e ia direto para a biblioteca", conta ela, hoje, com 60 anos. "Um dia, ele deixou a gente assisti-los. Dava para ver luzes se deslocando em todos os sentidos", completa, dizendo que seu pai, morto há seis anos, sempre acreditou em óvnis.
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Astrônomo do Laboratório Nacional de Astrofísica, de Itajubá (MG), Carlos Alberto Torres afirma não fazer o menor sentido a iluminação em discos voadores. "Avião tem luzes para sinalizar para os outros", diz. Para o professor de astrofísica João Steiner, da Universidade de São Paulo (USP), as histórias de avistamentos de óvnis não passam de ocorrências naturais para as quais a ciência ainda não tem explicação. O brigadeiro Pereira endossa o ceticismo: "Os fenômenos ocorrem, são investigados, tiram-se fotos e 98% dos casos a ciência explica. Agora, para os 2%, eu pergunto: cadê o ET, o pedaço da nave capturada?"
Parentes e amigos do capitão Uyrangê, que esteve à frente da Operação Prato, contam que ele teve até um contato imediato de terceiro grau na margem do rio Guajará-Mirim, no Pará, em dezembro de 1977. Ele e mais um oficial, também já morto, teriam avistado uma nave de 100 m de comprimento, no formato de uma bola de futebol americano, pousar em pé na outra margem do rio. A cerca de 70 m do local, os militares teriam visto uma porta se abrir no alto do objeto e um ET descer e flutuar sobre as águas. Após ouvir o relato dessa experiência, o comandante Protásio teria ordenado o fim da Operação Prato. Nem o contato imediato e nem o epílogo da missão constam do acervo liberado pelo Arquivo Nacional. Se vierem a público, Roswell deverá ficar a anos-luz das nossas histórias de UFOs.
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Fonte: Rodrigo Cardoso (Revista IstoÉ) - Fotos: Joédson Alves (IstoÉ) / Divulgação - Ilustração: Fernando Brum sobre foto de Frederic Jean