quinta-feira, 9 de maio de 2024

Entenda o que é a arremetida na aviação e por que ela é segura

Condições meteorológicas ou mesmo a presença de obstáculos na pista podem levar o piloto a abortar o pouso, em um procedimento corriqueiro e normal na aviação civil. Veja perguntas e respostas.

Manobra de arremetida de aviões (Foto: Elcio Horiuchi/Arte/G1)
Arremetidas acontecem quando o avião precisa interromper o pouso por alguma razão. O o procedimento é SEGURO e NORMAL na aviação. Na quinta, dois aviões arremeteram no aeroporto de Guarulhos.

O piloto de avião Mateus Ghisleni explicou ao G1 o que isso significa: "É um procedimento executado pelos pilotos na aproximação para o pouso em que se decide não mais pousar naquele momento. Isso pode acontecer tanto quando o avião ainda está voando quanto quando ele já tocou o solo", diz.

"O piloto, então, decide que é mais seguro o avião voltar a voar do que continuar o pouso ou parar sobre a pista", completa Ghisleni.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre a arremetida de aviões


Por que aviões arremetem?

Avião se aproxima para o pouso (Foto: HAL9001/Unsplash)
São vários os motivos que podem levar o piloto a decidir pela interrupção do pouso. Os mais comuns, segundo Ghisleni, são os seguintes:
  • Mudança repentina na direção ou na velocidade do vento
  • Chuva forte sobre o aeroporto
  • Presença de algum obstáculo na pista, como um animal ou mesmo pedras
"Turbulências muito fortes na aproximação também levam o piloto a decidir pela arremetida", explica o especialista. "Às vezes o próprio controle de tráfego aéreo, na torre, pede para arremeter por algum procedimento como a medição da quantidade de água na pista", enumera.

Neblina encobre a pista do aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de SP, em julho de 2018
(Foto: Marília da Silva/Arquivo Pessoal)
É seguro um avião arremeter?

SIM, muito seguro. Aliás, é uma manobra feita justamente para aumentar a segurança do voo, que já é alta. Muitas vezes, o piloto sequer seria obrigado a arremeter e poderia continuar normalmente o pouso, mas apenas por uma precaução adicional e para seguir os altos padrões das companhias, decide-se pela interrupção, explica Ghisleni, que dá outro exemplo:

"Às vezes, um piloto percebe que está descendo com velocidade um pouco mais alta do que o padrão. Vai acontecer algo grave se ele decidir pousar assim mesmo? Não. Mas, como a companhia estabelece uma outra velocidade padrão de decida, o piloto decide arremeter e voltar".

Decolagem de avião (Foto: Unsplash/Dominik Scythe)
Além disso, pilotos são frequentemente treinados para esse tipo de situação. De seis em seis meses, os profissionais passam por treinamentos em simuladores que ajudam na tomada de decisão e na melhor execução das arremetidas.

E se o avião arremeter mais de uma vez? Aí o piloto pode decidir aguardar outro momento para pousar ou pode alternar: isto é, voar até outro aeroporto. Isso é mais comum quando as condições meteorológicas não estão muito favoráveis: muita chuva, muito vento, muita névoa.

Nesse cenário, também não há motivo para preocupação: aviões que fazem voos comerciais regulares no Brasil precisam no plano de voo ter combustível suficiente para isso. É comum, inclusive, que as aeronaves tenham combustível para ir e voltar ao aeroporto de origem.

Com isso, o único transtorno para o passageiro será, provavelmente, o atraso na chegada. "O passageiro tem que ter em mente que, se o piloto resolveu não pousar e arremeter, é porque foi a melhor medida a ser tomada", explica Ghisleni.

"Para muitos, pode não parecer. Mas, para quem trabalha no setor de aviação, arremeter é algo simples."

Via g1

Quando estudante invadiu os EUA de avião esperando ser morto por caças

Caça F-16 da Guarda Aérea Nacional dos EUA: Modelo acompanhou o voo de Adam e não
tentou abater a aeronave em momento algum (Imagem: Guarda Aérea Nacional dos EUA)
Invadir os Estados Unidos não parece uma ideia muito inteligente. Ainda mais, se for pelo ar, e, por cima de tudo com um avião de pequeno porte.

Um estudante canadense tentou fazer isso há 15 anos, e sua empreitada envolveu até mesmo uma escolta com caças.

Roubo do 'teco-teco'


Em 6 de abril de 2009, um homem de 31 anos à época chamado Adam Dylan Leon começou uma jornada que acabaria mal para ele (ou bem, já que o objetivo dele era mais complexo do que parece de início). Nascido na Turquia como Yavuz Berke, ele mudou de nome e e se tornou cidadão canadense em 2008.

Naquele dia, ele furtou um avião de uma escola de voo de Thunder Bay, em Ontário (Canadá). Ele era aluno da Confederation College Flight School, e a aeronave era um Cessna 172.

Ele decolou sem aprovação dos controladores de voo e sem fazer contato via rádio. Apesar do tráfego aéreo no local, ele começou a voar rumo ao sul, em direção ao lago Superior, na divisa com os Estados Unidos.

A entrada nos EUA


Pouco tempo depois, o avião de Adam já estava voando sobre o território dos EUA. O departamento de defesa do país detectou a aeronave entrando em sua jurisdição, e enviou dois caças F-16 para interceptarem o avião invasor.

Aviões militares não tiveram sucesso na comunicação com o Cessna 172. Os pilotos dos caças relataram que tentaram via rádio e por meio de gestos e manobras se comunicarem com Adam, mas ele os ignorou.

O piloto assumiu que viu os dois caças tentando chamar sua atenção. A todo tempo, as informações de localização do avião invasor eram repassadas ao FBI, o departamento federal de investigação dos EUA.

Por segurança, a sede do governo da cidade de Madison (EUA) foi evacuada por cerca de uma hora. O motivo era a incerteza se o local seria um possível alvo do avião.

Após horas de voo, Adam pousava o Cessna 172 em uma estrada de terra no estado do Missouri (EUA). Já era noite, e ele saiu da aeronave a pé e fugiu do local.

O avião tinha performance para voar cerca de sete horas segundo noticiado à época.

Adam Dylan Leon e o Cessna 172 que abandonou após invadir os EUA esperando
ser morto por caças F-16 (Imagem: Reprodução)

Esperava ser abatido pelos caças


Na noite daquele mesmo dia ele foi capturado pela polícia. Em seu depoimento, ele disse que invadiu os Estados Unidos na expectativa de que seu avião fosse abatido pelos caças e que ele morresse.

Adam ainda afirmou que não se sentia como ele mesmo nos últimos tempos antes da empreitada. Também disse que estava passando por consultas psiquiátricas.

Prisão e cumprimento da pena


Em novembro daquele ano, o ex-estudante de aviação foi sentenciado a uma pena de dois anos. Ele foi acusado dos crimes de transporte interestadual de aeronave roubada, importação de aeronave roubada e entrada ilegal nos Estados Unidos.

Perseguição custou cerca de US$ 230 mil, segundo documentação a época. Em 2010, ele foi liberado da prisão nos EUA para enfrentar as acusações sofridas no Canadá.

Em 2013, ele foi absolvido de todas as acusações naquele país. Segundo seus registros médicos, três dias antes do roubo do avião ele havia sido internado por problemas psiquiátricos, momento em que enfrentava uma forte depressão.

O tribunal também reconheceu que a atitude de Adam não buscava ferir a mais ninguém a não ser ele, que tentou cometer suicídio ao esperar ser morto pelos caças dos EUA.

Procure ajuda


Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente.

Programa da FAB permite que cidadãos viajem de avião de graça; veja como

Serviço é oferecido por meio do Correio Aéreo Nacional.

(Foto: Ricardo Duarte/Agencia RBS)
Se para alguns brasileiros viajar de avião faz parte da rotina para outros é um sonho que ainda não foi realizado. O preço das passagens aéreas é um dos fatores que impossibilita maior adesão. Mas o que muitos não sabem é que a Força Aérea Brasileira (FAB) oferece caronas gratuitas para civis que precisam ou querem viajar de avião.


O Correio Aéreo Nacional (CAN) é um programa da FAB que permite que cidadãos que não pertencem às forças amadas peguem carona em viagens de avião em território nacional. A iniciativa permite que as pessoas aproveitem os lugares que sobram nas aeronaves da FAB que viajam em missão, com algum propósito oficial.

Para usufruir do programa, é preciso ter planejamento, uma vez que o interessado deve realizar a solicitação da viagem com antecedência. Em coordenação com o posto CAN mais próximo de sua residência, o cidadão precisa informar o destino desejado e os dados pessoais do viajante. O processo é simples e gratuito. Entretanto, a viagem está condicionada à disponibilidade de vagas e de aeronave com destino ao lugar requerido.

A FAB não consegue garantir com antecedência a data da viagem, tendo em vista que as missões podem ser desmarcadas, agendadas de última hora ou que os aviões podem não ter espaços livres para mais passageiros. Isso significa que a carona pode ser no dia seguinte ao pedido ou duas semanas depois.

A boa notícia é que não há limite imposto para usar as aeronaves da FAB. A viagem ocorre em aproveitamento de alguma missão previamente planejada, e o embarque de passageiros não representa custo algum. A carona pode ser utilizada sempre que necessário ou desejado.


O embarque dos passageiros não é em aeroportos civis, mas sim nas bases aéreas da Aeronáutica.

Contato das unidades para solicitar viagens


Região Sul

Canoas/RS - (51) 3462-5166

Florianopólis/SC - (48) 3229-5021

Santa Maria/RS - (55) 3220-3309

Curitiba/PR - (41) 3381-1132

Região Sudeste

Pirassununga/SP - (19) 3565-7025 / (19) 3565-7205

Rio de Janeiro/RJ - (21) 2138-4205 / 2157-2317 / 2138-4020

São Paulo/SP - (11) 2465-2038 / 2465-2039

Lagoa Santa/LS - (31) 3689-3526

Região Centro-Oeste

Brasília/DF - (61) 99988-8740

Campo Grande/MS - (67) 3368-3126

Anápolis/GO - (62) 3329-7572 / 3329-7573 / 3329-7047 / 3329-7048

Região Norte

Belém/PA - (91) 3182-9517 / 3182-9519

Boa vista/RR - (95) 4009-1036 / 3194-1036 / 3194-1088

Manaus/AM - (92) 98802-6364

Porto Velho/RO - (69) 3211-9722 / 3211-9725

Região Nordeste

Fortaleza/CE - (91) 3182-9327

Natal/RN - (84) 3644-7135 / 3644-7136

Recife/PE - (81) 2129-8421

Salvador/BA - (71) 3377-8225

Via GZH

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Vídeo: O que é a tríade nuclear dos EUA?


Os EUA possuem uma tríade nuclear composta por:

- Mísseis balísticos internacionais disparados do solo
- Bombardeiros aéreos estratégicos
- Mísseis balísticos disparados de submarinos

O vídeo é uma tradução minha do original cedido pelo Departamento de Defesa dos EUA.

A música é Evolution, de Benjamin Tissot, via Bensound.

Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)

Vídeo: Os A380 continuam sendo desmanchados! Quantos foram pro desmanche?


O desmanche de Airbus A380 segue a pleno vapor, mais 4 unidades serão desmanchadas nas próximas semanas. Quantas unidades já foram pro desmanche? Descubra no vídeo.

Aconteceu em 8 de maio de 2019: A queda do voo 60 da Biman Bangladesh Airlines

No início da tarde de 8 de maio de 2019, por volta das 15h15, horário local, o voo 060 da Biman Bangladesh Airlines decolou de Dhaka em um voo regular de passageiros para Yangon, em Mianmar. A bordo da aeronave estavam 28 passageiros e seis tripulantes.


A aeronave era o 
de Havilland Canada DHC-8-402Q Dash 8, prefixo S2-AGQ, da Biman Bangladesh Airlines (foto acima), que foi entregue à Smart Aviation Company em 2011 e foi alugada à Biman Bangladesh Airlines em abril de 2015.

O voo transcorreu dentro da normalidade até a aproximação a Yangon. Nesse momento, havia uma tempestade e o tempo estava muito ruim.

Às 18h03, a tripulação contatou a torre de controle de Yangon e às 18h16 teve o ILS estabelecido e relatado à torre de controle de Yangon. Devido ao mau tempo, a torre de controle de Yangon pediu que executassem uma volta e as operações do aeródromo foram fechadas para a segurança da aviação por duas horas. 

Quando as condições climáticas melhoraram, as operações do aeródromo foram abertas. E então a aeronave DHC-8-402, registrada S2-AGQ, fez a aproximação da RNP porque apenas localizador estava disponível naquele momento. 

Quando a aeronave começou a pousar, por circunstâncias desconhecidas, ela desviou de seu curso e desviou da pista de 2,1 milhas para a grama próxima à única pista. 

O impacto fez com que a aeronave se quebrasse em três seções, logo atrás da porta dianteira do passageiro e da porta traseira de serviço. O trem de pouso desabou e a asa direita foi altamente danificada onde se encontra com a fuselagem.

O avião sofreu sérios danos ao ser declarado uma perda de casco, mas nenhum incêndio eclodiu e não houve mortes. No entanto, dos 34 ocupantes da aeronave, 20 passageiros e tripulantes ficaram feridos. Para acessar o Relatório do Acidente, clique aqui.


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com ASN e Wikipedia

Aconteceu em 8 de maio de 2003: Dezenas de passageiros são sugados para fora do avião sobre o Congo

A 10.000 pés, a porta se abriu e dezenas de passageiros foram sugados para fora.


O desastre aéreo no Congo ocorreu em 8 de maio de 2003, quando uma porta de carga de um Ilyushin Il-76 de propriedade da Ukrainian Cargo Airways abriu acidentalmente no meio do voo enquanto a aeronave sobrevoava Mbuji-Mayi com mais de 160 pessoas a bordo. 

O voo estava conduzindo um transporte civil de Kinshasa, no sudoeste do país, para Lubumbashi, no sudeste. Dezessete pessoas foram confirmadas como mortas pelo governo congolês, enquanto as autoridades estimam que 60 poderiam ter perdido suas vidas. Os sobreviventes ainda alegaram um número maior de mortes, alegando que até 200 pessoas foram sugadas para a morte. 

O incidente



O incidente ocorreu na cidade de Mbuji-Mayi na noite de 8 de maio de 2003. A aeronave era o Ilyushin Il-76MD, prefixo UR-UCB, da Ukrainian Cargo Airways, uma companhia aérea charter estatal ucraniana com sede em Kiev, que estava operando para a Força Aérea da República Democrática do Congo. 

O voo de duas horas foi fretado pelos militares para transportar soldados e suas famílias até Lubumbashi, lar de uma grande base militar congolesa e localizada no sul do país, na província de Haut-Katanga. 

O compartimento de carga estava cheio de passageiros; muitos dormiam na seção intermediária e perto da porta de carga. A aeronave não tinha assentos adequados e havia apenas cadeiras dobráveis ​​na cabine, com as pessoas "amontoadas em bancos e no chão". Oficialmente, havia a bordo 109 passageiros e seis tripulantes.

Cerca de 45 minutos após a decolagem de Kinshasha, a uma altitude de 10.000 pés, a porta de carga do Ilyushin Il-76 se abriu repentinamente, sugando muitos passageiros para fora da aeronave. 


Várias pessoas estavam se agarrando a cordas, bolsas e redes na parede interna do avião. Os sobreviventes descreveram a cena como caótica, com passageiros gritando e voando para fora da porta aberta. Várias pessoas que estavam dormindo foram acordadas pelos gritos de outros passageiros. 

Eles também alegaram que o avião de repente se inclinou para a esquerda e para a direita, fazendo com que mais pessoas fossem sugadas. Várias pessoas que haviam se agarrado a cordas perderam o controle e foram sugadas para a morte. Um caminhão trancado no porão de carga pode ter salvado muitas vidas, pois pode ter agido como uma barreira.

Um sobrevivente descreveu a comoção: "Eu estava perto da porta e tive a chance de agarrar uma escada antes de a porta se soltar." Outro disse: "Eu vi um soldado embalando um bebê e uma mãe com um bebê perto da porta de repente sendo puxada para a escuridão."

A aeronave conseguiu retornar a Kinshasha após o incidente. O governo congolês ordenou a busca imediata dos passageiros sugados da aeronave. Os sobreviventes alegaram que muitas pessoas desapareceram após o incidente e afirmaram que cerca de 200 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram mortas no incidente. 

O porta-voz do ministério da defesa ucraniano, Konstantin Khyvrenko, afirmou que ninguém ficou ferido no acidente, mas os sobreviventes afirmaram que muitos ficaram feridos por transportar bagagem e carga. 

Pelo menos duas mulheres grávidas tiveram abortos espontâneos resultante de entrarem em estado de choque. O governo apenas confirmou a morte de 17 pessoas, enquanto as autoridades estimaram que até 60 podem ter sido mortas e os funcionários do aeroporto avaliaram o número de mortes em 129. 

Oficiais da aviação e diplomatas ocidentais estimam que pelo menos 170 pessoas morreram nesse incidente. Dos mais de 160 passageiros no compartimento de carga, apenas cerca de 40% retornaram ao aeroporto.

Investigação


Uma investigação foi ordenada imediatamente após o desastre. O ministro da Informação, Kikaya Bin Karubi, disse à Reuters que a Força Aérea e o Exército congoleses estavam investigando para determinar se o acidente foi resultado de erro humano ou um problema mecânico. O sargento Kabmba Kashala disse que a aeronave decolou com a porta mal fechada e que a porta se abriu após três tentativas fracassadas de fechá-la totalmente durante o voo. 


O piloto sugeriu que a porta se abriu depois que um dos passageiros mexeu nos controles ou por causa de uma falha no computador. Ele afirmou que um passageiro poderia estar "tocando no botão do dispositivo especial de abertura". O resultado final da investigação não foi localizado.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia e ASN

Aconteceu em 8 de maio de 1997: Acidente durante tentativa de pouso do voo China Southern Airlines 3456


Em 8 de maio de 1997, o Boeing 737-31B, prefixo B-2925, da China Southern Airlines (foto acima), realizando o voo 3456, decolou para realizar um voo doméstico na China, do Aeroporto Internacional de Chongqing Jiangbei, às 19h45, horário local (UTC +8), com previsão de chegada ao aeroporto de Shenzhen Huangtian às 21h30. 

A aeronave havia sido entregue à China Southern em 2 de fevereiro de 1994 e registrado mais de 8.500 horas de voo até aquela data. A bordo do Boeing 737 estavam 65 passageiros e nove tripulantes.

A tripulação de voo era composta pelo capitão Lin Yougui, de 45 anos, que registrava mais de 12.700 horas de voo total, incluindo 9.100 horas como Operador de Rádio e 3.600 horas como piloto e pelo primeiro oficial Kong Dexin, de 36 anos, que registrava mais de 15.500 horas de voo total, das quais 11.200 horas como engenheiro de voo e 4.300 horas como piloto.

O voo 3456 transcorreu dentro da normalidade até a aproximação ao seu destino final. O tempo informado pelo Aeroporto de Shenzhen era que desde 17h00 de 8 de maio até às 02h00 de 9 de maio seria: "Vento de 170 graus a 7 metros por segundo (14 kn; 25 km/h; 16 mph) com chuva, visibilidade de 6.000 metros (20.000 pés), nublado a 1.500 metros (4.900 pés), ventos variáveis ​​a 15 metros por segundo (29 kn; 54 km/h; 34 mph), podendo aparecer uma tempestade."

Às 21h07, o controlador de aproximação do Aeroporto de Shenzhen autorizou o voo para a aproximação da Pista 33. Às 21h17, a Torre informou à tripulação "chuva forte no final, avise ao localizar a pista". 

Às 21h18min07s, a tripulação afirmou ter estabelecido a abordagem ILS. Às 21h18min53s, a tripulação avisou ao ATC que avistaram as luzes de aproximação, e o controlador autorizou a aterrissagem da aeronave. 

O controlador conseguiu ver a luz de pouso do avião, mas não estava claro devido à chuva. Às 21h19min33s, a aeronave pousou no sul da pista, quicou três vezes, danificou o nariz da aeronave, os sistemas hidráulicos e os flaps. A tripulação decidiu abortar o pouso e dar a volta para uma nova tentativa.

A primeira tentativa de pouso foi em direção ao norte. Restos da engrenagem do nariz foram encontrados espalhados perto da extremidade sul da pista, indicando que o pneu dianteiro esquerdo explodiu durante o primeiro toque. Fallouts incluindo rebites, folhas de metal, tubo de borracha e clipe de retenção também podem ser encontrados na superfície da pista.


A aeronave fez uma curva à esquerda enquanto subia até 1.200 metros (3.900 pés). A tripulação foi solicitada a ligar o transponder para mostrar ao ATC sua posição, mas o radar de vigilância secundário não recebeu nenhum sinal da aeronave, indicando que o transponder estava desligado. 

Às 21h23min57s, a tripulação informou ao ATC que eles estavam no lado do vento, e solicitou que outra aeronave liberasse o espaço aéreo para o pouso do voo 3456. Às 21h23min40s, a tripulação declarou emergência e pediu para liberar a abordagem novamente. 

Na ocasião, o alerta principal, o alerta do sistema hidráulico e o alerta de marcha foram todos acionados na cabine. Às 21h24min58s, a tripulação solicitou um total apoio de emergência do aeroporto. 


A aeronave então deu meia-volta, informou que pousaria em direção ao sul, o que foi aprovado. Às 21h28min30s, a aeronave derrapou para fora da pista ao aterrissar, quebrou-se em três pedaços e pegou fogo, matando 33 passageiros e 2 tripulantes. Trinta e dois passageiros e sete tripulantes sobreviveram ao acidente.

Um arranhão claro na superfície da fuselagem foi encontrado a 427 metros (1.401 pés) da cabeceira da pista. A aeronave se desintegrou após rolar cerca de 600 metros (2.000 pés) pela pista e explodiu em chamas. 


A parte central da fuselagem e a borda posterior da asa direita foram as que sofreram queimaduras mais severas. A seção frontal da fuselagem tinha 12 metros (39 pés) de comprimento com o nariz apontando para o norte, parcialmente danificado, mostrando traços de rolamento e rotação, mas sem sinais de queima. 

Uma grande quantidade de lama foi preenchida na cabine deformada. A seção traseira estava relativamente intacta e foi a única seção que não foi destruída. A engrenagem principal esquerda e o motor direito estavam espalhados no lado esquerdo da pista.


Em junho de 2007, uma gravação de áudio supostamente dos últimos 12 minutos e 27 segundos, gravado pelo gravador de voz da cabine do voo 3456 vazou na Internet. De acordo com um especialista da Administração de Aviação Civil da China, é improvável que a gravação seja falsa.


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia, ASN e baaa-acro

Aconteceu em 8 de maio de 1978: Uma surpresa na águaㅤA queda do voo National Airlines 193


No dia 8 de maio de 1978, um Boeing 727 da National Airlines estava se aproximando de Pensacola, na Flórida, quando de repente pousou na Baía de Escambia em meio a forte neblina. O pouso não planejado na água pegou todos de surpresa, incluindo a tripulação, que ficou tão perplexa quanto os passageiros com o pouso inesperado próximo à pista. 

O avião parou intacto a menos de quatro metros de profundidade, mas começou a afundar rapidamente e muitas pessoas não sabiam onde encontrar o equipamento de sobrevivência na água. 

Os acontecimentos tomaram um rumo sombrio quando vários passageiros tentaram usar as almofadas dos assentos como dispositivos de flutuação, uma sabedoria comum em aviões que se revelou menos sábia do que se pensava; apesar da água rasa e da abundância de coletes salva-vidas, três pessoas morreram afogadas devido a essa crença equivocada. 

O National Transportation Safety Board descobriu que um erro do controlador de tráfego aéreo colocou o avião em uma posição onde uma abordagem segura era impossível, mas a tripulação tentou pousar mesmo assim, resultando em uma cadeia crescente de erros que levou ao acidente. Mas, embora o desempenho da tripulação tenha melhorado muito, o debate sobre as almofadas dos assentos e coletes salva-vidas continua a grassar mais de 40 anos após o acidente.

O Boeing 727 prefixo N4744NA envolvido no acidente
O voo 193 da National Airlines era uma rota urbana servindo a costa do Golfo dos Estados Unidos. Originário de Miami, na Flórida, o Boeing 727-235, prefixo N4744NA, da National Airlines (foto acima), estava programado para fazer escala em Melbourne, Flórida; Tampa, Flórida; e New Orleans, Louisiana, antes de virar e fazer mais duas paradas em Mobile, Alabama e Pensacola, Flórida. 

Como muitas companhias aéreas na década de 1970, a National Airlines operava esses voos usando aviões relativamente grandes que não podia esperar preencher até sua capacidade - neste caso, o Boeing 727, que podia acomodar mais de 130 passageiros. 

Na noite de 8 de maio de 1978, apenas 52 desses assentos estavam ocupados quando o voo 193 partiu de Mobile para sua última etapa da noite. Também estavam a bordo três comissários de bordo e três pilotos: Capitão George Kunz, Primeiro Oficial Leonard Sanderson Jr. e o Engenheiro de Voo James Stockwell. 

Quando o voo 193 levantou voo às 21h02, seu dia de trabalho estava quase no fim - Mobile e Pensacola estavam tão próximos que podiam esperar estar no solo novamente em apenas 20 minutos.


Das duas pistas do Aeroporto Regional de Pensacola, apenas uma tinha um sistema de pouso por instrumentos que poderia guiar o voo 193 durante a noite nublada, mas essa pista estava em construção há meses e o ILS estava fora de serviço. 

Embora essa informação estivesse incluída no material de briefing dos pilotos, eles pareciam não tê-los lido, pois a notícia pegou a tripulação de surpresa quando o controlador de Pensacola os informou do fechamento durante sua descida ao aeroporto. 

Em vez de uma abordagem ILS padrão, o controlador disse à tripulação que eles pousariam usando uma abordagem rara do radar de vigilância do aeroporto (ASR). Em uma abordagem ASR, os pilotos não ajustam seus instrumentos para rastrear nenhum auxílio à navegação; em vez de, o controlador de tráfego aéreo observa o voo no radar e diz à tripulação para onde virar e onde descer até que o avião esteja alinhado e a pista esteja à vista. 

Esse tipo de abordagem depende do controlador avisar com antecedência dos pontos planejados de descida e nivelamento para que os pilotos saibam quando configurar o avião para as várias fases de abordagem.


O procedimento de aproximação ASR para a pista 26 em Pensacola especificou que o controlador deve colocar uma aeronave de entrada no curso de aproximação final - isto é, alinhada com a pista - não menos que duas milhas náuticas (3,7 km) fora do fixo de aproximação final. 

A correção de abordagem final, ou FAF, é o último ponto fixo no padrão de abordagem; é o ponto em que um avião que se aproxima pode descer até a altitude mínima de descida (a menor altitude permitida sem ver a pista), e também delineia onde os pilotos devem ter seu avião configurado para pouso. 

Nesse caso, a FAF estava localizada a 6 nm (11,1 km) da pista, então o controlador precisava virar o vôo 193 para o sul para o curso de aproximação para oeste a pelo menos 8 nm (14,8 km) da cabeceira. 

Contudo, a instrução inicial do controlador para o voo 193 virar para o sul o havia posicionado de forma que interceptaria o curso de aproximação final a menos de 8 nm da pista. Às 9:19, ainda rumo ao sul, o vôo 193 recebeu autorização para descer à altitude mínima de descida, neste caso 480 pés. 

O controlador também observou que eles estavam 5,5 nm a nordeste da pista. Dezessete segundos depois, o controlador os instruiu a virar para um rumo de 250 graus, o que os colocaria no curso de aproximação final a apenas 4,5 nm da cabeceira da pista, em vez dos 8 nm exigidos. O capitão Kunz começou a curva para o curso de aproximação final, mas ele aparentemente não gostou de estar sendo direcionado para dentro da FAF. 


Kunz estava de fato esperando que o controlador lhe dissesse sua distância do FAF, conforme exigido pelo procedimento de aproximação ASR. Mas o controlador acreditou erroneamente que não precisava fornecer a distância para a FAF se já tivesse liberado o avião para descer à altitude mínima de descida (MDA). 

Do ponto de vista do controlador, a principal função do FAF era ser o ponto em que um voo pode descer ao MDA, mas ele não percebeu que também desempenha um papel crítico no tempo das mudanças que os pilotos devem fazer na configuração do avião. Na verdade, os procedimentos padrão determinavam que os pilotos deveriam terminar a lista de verificação antes do pouso antes de chegar ao FAF. 

Quando o voo 193 passou ao lado da FAF e interceptou o curso de aproximação final, a tripulação nem havia começado essa lista de verificação porque o controlador nunca disse a eles a distância do FAF. 

A consequência desse atraso na lista de verificação de pouso foi que o Capitão Kunz começou sua descida em direção ao MDA em uma configuração diferente da que estava acostumado. 

Normalmente, neste ponto, os flaps estariam estendidos para 30 graus e o trem de pouso estaria abaixado, mas em vez disso, o trem ainda estava guardado e os flaps estavam em 25 graus. 

Ele estabeleceu o avião em uma descida de 1.000 pés por minuto, mas sem os flaps totalmente estendidos e o trem de pouso causando arrasto extra, sua velocidade era de 10-15 nós muito alta.

Estava claro que Kunz estava lutando para equilibrar a taxa de descida e a velocidade em uma configuração incomum. Para diminuir a velocidade, ele reduziu a potência do motor para marcha lenta; isso fixou sua velocidade, mas fez com que sua taxa de descida aumentasse.

Agora o voo 193 estava caindo a 1.600 pés por minuto, bem acima do máximo recomendado na aproximação final, e caindo mais rápido a cada momento que passava.


Depois de apenas alguns segundos, o alarme de advertência do trem de pouso começou a soar, informando que eles estavam muito próximos ao solo com o trem de pouso retraído. Só então Kunz pareceu perceber que eles haviam passado muito do FAF e precisavam realizar a lista de verificação antes do pouso. 

“Reduza a marcha,” ele ordenou; um segundo depois, ele gritou: "Aterrissando a lista de verificação final!" 

O engenheiro de voo Stockwell retirou a lista de verificação antes do pouso e começou a configurar o avião, enquanto o capitão Kunz tentava manter o ângulo de inclinação ideal e o primeiro oficial Sanderson examinava a escuridão em busca de algum sinal da pista. 

Ninguém percebeu que, quando a marcha e os flaps foram estendidos de acordo com a lista de verificação, o arrasto extra em combinação com a potência ociosa dos motores fez com que sua razão de descida aumentasse para 2.000 pés por minuto. 

Assim que a tripulação terminou de passar pela lista de verificação, o sistema de alerta de proximidade do solo (GPWS) do avião detectou que eles estavam a apenas 150 metros acima do solo e descendo rapidamente. 

De repente, a cabine foi preenchida com o som de uma voz robótica gritando: “WOOP WOOP, PULL UP! WOOP WOOP, PULL UP!” 

Simultaneamente, uma luz se acendeu na frente de cada piloto informando que eles estavam descendo pelo MDA. Mas Kunz e Sanderson, que não sabiam que estavam descendo a 2.000 pés por minuto, acharam o aviso confuso. Por que estava soando agora? O aviso era falso? 

"Você conseguiu sua coisa?" Kunz perguntou, quase inaudível sob o barulho do alarme. “A taxa de descida continua alta”, disse Sanderson. 

Para controlar a taxa de descida, Kunz começou a puxar levemente os controles. Ao mesmo tempo, O engenheiro de voo Stockwell erroneamente pensou ter ouvido Kunz dizer a ele para silenciar o alarme. Ele estendeu a mão e acionou um botão para inibir o GPWS, fazendo com que o aviso cessasse. Coincidentemente, isso convenceu Kunz de que seu pequeno ajuste na razão de descida corrigira o problema. Ninguém havia notado que eles estavam a apenas 250 pés acima do solo e caindo rapidamente.


Sete segundos depois de Stockwell silenciar o aviso de terreno, Sanderson finalmente olhou para seu altímetro e exclamou: "Ei, ei, baixamos a quinze metros!" Mas antes que o capitão Kunz pudesse reagir ao aviso de seu primeiro oficial, o 727 de repente bateu na superfície da baía de Escambia. 

Com um respingo enorme, o avião avançou na água por apenas cem metros antes de parar abruptamente. Para aqueles na frente do avião, o acidente não foi muito pior do que um pouso forçado regular, mas na seção da cauda, ​​as forças de impacto rasgaram a parte inferior da fuselagem, levando a escada ventral do 727 e as portas de carga com isto; os passageiros sentados nesta área foram atirados com força contra os bancos à sua frente, causando ferimentos graves. 


No entanto, quando o avião parou, todos os 58 passageiros e tripulantes estavam vivos. Com o avião flutuando em águas com apenas quatro metros de profundidade, parecia que haviam se esquivado de uma bala. Mal sabiam eles que o pior ainda estava por vir.

Também na baía de Escambia naquela noite estava o piloto do rebocador Glenn McDonald, que lutava para encontrar o caminho em meio à escuridão e à névoa enquanto empurrava uma barcaça pesada.

Ele observou atônito enquanto as luzes do voo 193 desciam cada vez mais, até que o avião caiu na água a apenas algumas centenas de metros de seu barco. Ele imediatamente mudou o curso em direção ao avião atingido, determinado a salvar o maior número de pessoas possível. 


Enquanto isso, no 727, os 52 passageiros lutavam para descobrir o que fazer a seguir. Como o voo de Mobile para Pensacola foi considerado um voo terrestre, o briefing do passageiro não incluiu instruções sobre o que fazer em caso de pouso na água, nem mencionou onde encontrar os coletes salva-vidas. 

Como resultado, muitos dos passageiros não sabiam onde os coletes salva-vidas estavam localizados, e alguns dos que sabiam lutaram para tirá-los de debaixo de seus assentos. Pior ainda, 24 pessoas - incluindo todos os membros da tripulação - pensaram que as almofadas do assento poderiam ser usadas como dispositivos de flutuação. 


Embora seja verdade em alguns aviões, este não era o caso em um 727 equipado para voo terrestre e, na verdade, estava equipado com almofadas de assento regulares. Quando a água começou a entrar pela escada ventral rompida, os passageiros fugiram pelas saídas e entraram na baía, apenas para descobrir que as almofadas dos assentos supostamente flutuantes na verdade não eram flutuantes. 

As almofadas não conseguiam suportar o peso de uma pessoa e, de fato, começaram a se desintegrar assim que entraram em contato com a água, deixando várias pessoas se debatendo desamparadamente enquanto suas almofadas se despedaçavam como papel molhado. Alguns conseguiram nadar com segurança nas asas, mas outros afundaram na água turva, para nunca mais voltar à superfície.

Durante a evacuação, os pilotos e comissários trabalharam muito para garantir que todos escapassem com segurança. Depois que o primeiro oficial Sanderson e um comissário de bordo caíram por um buraco no chão da cozinha, eles começaram a redirecionar os passageiros para saídas diferentes. 


Conforme o avião afundava mais, os pilotos nadavam repetidamente para a parte traseira submersa da cabine para se certificar de que todos haviam escapado. E depois de deixar o avião, o capitão Kunz encontrou vários passageiros gravemente feridos lutando para se manter à tona. 

Depois de perceber que o avião havia atingido o fundo da baía e não iria afundar mais, ele começou a arrastar os passageiros feridos até o teto ainda exposto da cabine, onde os puxou para uma terra relativamente seca para aguardar o resgate. 

Poucos minutos após o acidente, a barcaça Glenn McDonald's chegou ao local, e sua tripulação começou a puxar os passageiros presos para fora da água. Vários barcos de camarão finalmente chegaram também, suas tripulações optando por despejar suas capturas para dar lugar aos sobreviventes. 


Quando as equipes de emergência encontraram o avião, cerca de 30 minutos após o acidente, McDonald e os barcos de camarão já haviam resgatado praticamente todo mundo, um ato de heroísmo pelo qual todos os envolvidos serão eternamente gratos.

Infelizmente, uma contagem de pessoas após o resgate revelou que três passageiros - duas mulheres jovens e um homem mais velho - se afogaram na água rasa depois de acreditarem que as almofadas de seus assentos os manteriam flutuando. Um acidente que poderia ter sido lembrado como um milagre, em vez disso, se transformou em uma tragédia. 

Enquanto os investigadores do National Transportation Safety Board iam para Pensacola, as equipes de recuperação usaram um guindaste para retirar o avião parcialmente submerso da água e carregá-lo em uma barcaça para um estaleiro próximo. 


Os danos visíveis foram surpreendentemente mínimos e, isoladamente, poderia ter sido reparado, mas os inspetores da National Airlines descobriram que a exposição prolongada à água do mar havia iniciado uma corrosão generalizada, como resultado da qual o avião teve de ser descartado e destruído. 

Enquanto isso, os investigadores enfrentaram duas questões principais: por que o avião caiu na baía cinco quilômetros e meio antes da pista, e por que três pessoas morreram afogadas depois de um acidente que poderia sobreviver de outra forma?

A causa das fatalidades acabou sendo relativamente simples. Por ser um voo terrestre, o avião não precisava ser equipado com equipamentos de sobrevivência na água, como botes salva-vidas e almofadas flutuantes dos assentos, enquanto os passageiros tinham a impressão de que todos os aviões tinham esses recursos. 


Os voos por terra também não exigiram discussão sobre o equipamento de sobrevivência na água durante o briefing de segurança dos passageiros, removendo a oportunidade mais óbvia de corrigir esse equívoco. 

Na verdade, essa crença equivocada era tão difundida que até mesmo os membros da tripulação acreditavam que suas almofadas de assento poderiam ser usadas como dispositivos de flutuação. Este mito originou-se do fato de que aviões equipados para voos de longo curso sobre a água muitas vezes tinham almofadas de assento que podem ser usadas dessa forma, e nesses voos a presença de almofadas flutuantes era sempre apontada para os passageiros; entretanto, nenhum avião era especificamente obrigado a carregar tais almofadas. 


Os passageiros e membros da tripulação que ouviram instruções de segurança em voos sobre a água presumiram que todos os aviões transportavam o mesmo equipamento. Na verdade, o voo 193 nem precisava carregar coletes salva-vidas. 

Os regulamentos da Federal Aviation Administration apenas exigiam dispositivos de flutuação (coletes salva-vidas e/ou algum outro dispositivo) se o avião fosse operado sobre água de "tal tamanho e profundidade que os coletes salva-vidas ou meios de flutuação seriam necessários para a sobrevivência de seus ocupantes." A baía de Escambia, que tinha apenas alguns quilômetros de largura e raramente mais do que alguns metros de profundidade, não se qualificou. 

Os passageiros tiveram sorte porque a National Airlines decidiu equipar todos os seus 727s com coletes salva-vidas; se a companhia aérea não o tivesse feito, mais pessoas poderiam ter morrido.


A sequência de eventos que colocou o voo 193 na baía em primeiro lugar provou ser mais complicada. A cadeia de erros começou quando o controlador deu instruções que fizeram com que o voo interceptasse o curso de aproximação final muito perto da pista. Isso teria sido motivo justificável para o controlador encerrar a abordagem, mas ele não o fez porque os pilotos não lhe disseram que estavam passando por dificuldades. 

A falha do controlador em informar aos pilotos que eles interceptariam o curso de aproximação final dentro da correção de aproximação causou o atraso da lista de verificação antes do pouso. Como os pilotos esperavam começar a lista de verificação a uma certa distância da correção de aproximação, e o controlador nunca mencionou essa distância, a deixa para executar a lista de verificação nunca veio. 

Como resultado, eles começaram a descida para o MDA sem estarem devidamente configurados. Enquanto descia em uma configuração de baixo arrasto, o capitão reduziu o empuxo para marcha lenta para atingir a velocidade no ar desejada. 

No entanto, uma vez que o avião estava na configuração adequada de alto arrasto, ele falhou em adicionar empuxo para trás, resultando em uma taxa de descida que atingiu o pico de duas vezes o valor nominal. Normalmente, durante a aproximação final, tanto o capitão quanto o primeiro oficial monitoram sua taxa de descida e altitude para garantir que quaisquer desvios sejam detectados rapidamente. 

O motivo pelo qual o avião deve estar totalmente configurado antes de passar pelo FAF é para que os parâmetros de monitoramento e a procura da pista possam ocupar o centro do palco. Neste caso, entretanto, a lista de verificação atrasada antes do pouso consumiu o tempo que eles deveriam gastar monitorando a aproximação final; como resultado, os pilotos não viram que sua taxa de descida era de 2.000 pés por minuto. 

Em entrevistas com o NTSB, os pilotos acrescentaram ainda que seus “relógios internos” ainda estavam ajustados para uma taxa de descida de 1.000fpm. Depois de muitas abordagens semelhantes, o piloto adquire uma compreensão intuitiva de quanto tempo leva para chegar a um determinado ponto e quando certas tarefas devem ser realizadas; no entanto, essa abordagem não era semelhante às anteriores em que voaram. 

Como resultado, vários itens importantes foram perdidos. Por exemplo, o primeiro oficial Sanderson não fez as chamadas de altitude exigidas, que começam em 1.000 pés, porque ele “nunca chegou a 1.000 pés mentalmente”. Ele estava acostumado com a passagem de um certo tempo antes de atingir essa altitude e nunca mudou para o modo mental no qual esperava fazer chamadas de altitude. 


É importante lembrar com que rapidez a situação realmente se desenrolou. O início da descida mais íngreme do que o normal ocorreu apenas 44 segundos antes do impacto do avião na baía. Durante os primeiros 25 desses segundos, a tripulação apressou-se na lista de verificação antes do pouso. (Durante algum tempo, Sanderson também estava olhando para fora do avião em busca da pista). 

Por volta do segundo 26, o GPWS soou e continuou a soar por cerca de nove segundos antes que o engenheiro de voo Stockwell o desligasse. Durante este tempo, o avião desceu abaixo do MDA. Cerca de seis segundos depois de desligar o GPWS, Stockwell reiniciou o sistema, mas normalmente demorava quatro segundos para inicializar e apenas mais três segundos se passaram antes que o avião caísse na água. Com isso em mente, é fácil ver como a distração do checklist atrasado fez com que os pilotos perdessem o perigo da situação até que fosse tarde demais. 

Estudos na década de 1970 mostraram que os pilotos gastavam apenas cerca de 3-5% do tempo de escaneamento dos instrumentos olhando para o altímetro. Quando somado a distrações como procurar a pista ou executar um checklist, é plausível passar 44 segundos sem verificar a altitude do avião (embora deva ser enfatizado que isso não desculpa a falha dos pilotos em fazê-lo). 

Além disso, Kunz e Sanderson alegaram que interpretaram mal o altímetro do avião durante a parte final da descida. O 727 usava um altímetro de “ponteiro de tambor” onde centenas de pés eram exibidos em um mostrador, enquanto milhares de pés eram mostrados em um tambor giratório. 

O tambor de milhares era difícil de ver, no entanto, e estudos mostraram que os pilotos muitas vezes não olhavam para ele (embora geralmente não estivessem cientes dessa omissão). Portanto, não tendo passado mentalmente a 1.000 pés, Kunz viu “500” no mostrador e presumiu que isso significava 1.500 pés. Sanderson disse que cometeu exatamente o mesmo erro a 30 metros.


Todos os fatores acima mencionados se uniram para fazer com que a tripulação ignorasse o aviso do GPWS. Todos os três pilotos sabiam que o GPWS poderia ser acionado se eles usassem uma taxa de descida maior que 1.700fpm enquanto abaixo de 2.500 pés; considerando que este pode ser o motivo do aviso, Kunz resolveu diminuir a razão de descida até que o aviso parasse. 

Na realidade, Kunz não havia feito uma entrada grande o suficiente para corrigir o problema; o GPWS ficou em silêncio porque Stockwell o desligou. (O aviso era tão alto - cerca de 100 decibéis - que a comunicação normal era quase impossível, e sua interpretação errônea da declaração de Kunz é totalmente crível).

Simultaneamente com o início do alarme, Kunz disse que olhou para seu altímetro e viu 1.500 pés, e quando olhou para fora, não viu nenhum terreno em meio à escuridão e à névoa. A coincidência desses elementos o levou a acreditar que o avião não corria mais perigo quando o aviso foi embora. 

Mas o NTSB achou frustrante que a primeira reação de Kunz ao aviso de proximidade do solo dizendo-lhe para "puxar para cima" não foi de fato puxar para cima; no mínimo, ele deveria ter tentado determinar positivamente sua real proximidade com o solo. 

Ironicamente, o outro conjunto de avisos relacionado à altitude - as luzes que acenderam quando eles passaram pelo MDA - acabou sendo completamente ofuscado pelo GPWS, e nenhum dos pilotos os viu.


No final de seu relatório, o NTSB criticou o profissionalismo dos pilotos, principalmente por não responderem corretamente ao GPWS. Mas o conselho também elogiou suas ações após o acidente, o que ajudou a garantir que aqueles que ficaram gravemente feridos não se afogassem assim que o avião começasse a afundar. 

Mais elogios foram reservados para Glenn McDonald e os outros velejadores, que também contribuíram muito para a sobrevivência de 55 dos 58 passageiros e da tripulação. 

Embora o relatório do NTSB sobre o acidente não incluísse nenhuma recomendação, muita coisa mudou desde a queda do voo 193. Os pilotos são rigorosamente treinados para reagir imediatamente aos avisos do GPWS. Altímetros de ponteiro de bateria desapareceram quase completamente. 

O treinamento em gerenciamento de recursos da tripulação ajudou os pilotos a distribuir as cargas de trabalho com mais eficácia, levando a menos situações em que ninguém está monitorando os instrumentos.


No entanto, o voo 193 ofereceu várias lições adicionais na área de segurança dos passageiros, particularmente o uso e disponibilidade de dispositivos de flutuação, que poderiam exigir mais escrutínio. 

Na verdade, as regras da FAA para dispositivos de flutuação em aviões não mudaram significativamente desde 1978. Havia, e ainda existem, três níveis de equipamento de sobrevivência na água que poderiam ser exigidos em um determinado voo. 

O nível mais alto é para voos sobre a água a mais de 50 milhas náuticas da costa mais próxima; esses voos devem ter jangadas, sinalizadores, coletes salva-vidas e vários outros itens. A camada intermediária é para voos que podem passar sobre a água, mas não a mais de 50 milhas náuticas da terra; esses voos devem ter um "meio de flutuação aprovado para cada ocupante, ”Que pode ser um colete salva-vidas ou uma almofada de assento flutuante. Finalmente, as rotas terrestres - como o voo 193 da National Airlines - não precisam ter nenhum dispositivo de flutuação. 

Companhias aéreas individuais e fabricantes fizeram algumas melhorias; a saber, quase todos os aviões que voam nos Estados Unidos vêm com almofadas de assento que atendem aos requisitos mínimos de flutuabilidade, o que as almofadas do voo 193 não atendiam. O mito da almofada do assento como um dispositivo de flutuação é agora, com poucas exceções, realidade. 

Além disso, muitas companhias aéreas equipam todos os seus aviões com coletes salva-vidas para que possam usar qualquer avião em rotas terrestres e aquáticas. Isso foi útil quando o voo 1549 da US Airways parou no rio Hudson em 2009

As pessoas sobre as asas após o pouso na água do voo 1549 da US Airways
Esse voo foi considerado por terra e não era necessário ter nenhum dispositivo de flutuação, mas a US Airways equipou o avião com coletes salva-vidas para que pudesse realizar voos sobre a água, se necessário.

O problema é que nem toda companhia aérea faz isso, porque não é obrigada. Embora as companhias aéreas estejam cada vez mais optando por estocar coletes salva-vidas, é inteiramente possível que você esteja em um avião dos Estados Unidos voando a até 50 milhas náuticas de terra com apenas uma almofada de assento para se segurar, caso acabe na água. 

E estudos têm mostrado que, na prática, uma pessoa que tenta se agarrar a uma almofada do assento de um avião para flutuar tem apenas alguns minutos antes que a almofada seja varrida por uma onda, a pessoa perca a aderência ou algum outro evento ocorra que rende o dispositivo inútil. 

Embora esse fato tenha sido o principal motivador para as companhias aéreas estocarem coletes salva-vidas, há também um segmento ativo da comunidade da aviação que acredita que os coletes salva-vidas são realmente inúteis. Entre os pontos comumente citados para apoiar essa visão está o fato de que a maioria das pessoas não coloca o colete salva-vidas corretamente. 

Por exemplo, no voo 1549 da US Airways, apenas quatro pessoas amarraram corretamente as alças da cintura para manter os coletes no lugar depois de entrar na água. Na verdade, apenas 33 passageiros naquele voo usaram coletes salva-vidas. Nenhuma dessas pessoas teria morrido se tivessem decidido não fazê-lo. 

O argumento observa ainda que a maioria dos pousos na água acontecem sem muito aviso prévio, e um colete salva-vidas demora muito para ser colocado ao tentar escapar de um avião que está se enchendo de água. 

Na realidade, este argumento sugere que não foi gasto tempo suficiente para pesquisar aterros históricos na água. Vários desses acidentes, como o voo ALM 980 (1970), o voo Ethiopian Airlines 961 (1996), e o voo Tuninter 1153 (2005) envolveu tempo suficiente para que todos colocassem seus coletes salva-vidas antes do pouso. 

Em dois desses acidentes, o resgate estava a uma hora ou mais de distância, então é difícil argumentar que os coletes salva-vidas não salvaram vidas. No entanto, dois desses acidentes também envolveram pessoas inflando seus coletes salva-vidas ainda dentro do avião, o que resultou em mortes desnecessárias. 

Então os coletes salva-vidas são realmente positivos? Bem, ninguém realmente sabe, porque nenhum estudo científico foi realizado para responder a esta pergunta. Parece que depois de tantas décadas, pode ser útil para a FAA montar um estudo e resolver o debate de uma vez por todas. Só então saberemos se as regras para dispositivos de flutuação devem ser alteradas. 

Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos)

Com Admiral Cloudberg, ASN, Wikipedia - Imagens: Bureau of Aircraft Accidents Archives, Frank Duarte Jr., Google, o NTSB, Bob O'Lary, Historic Pensacola, CNN e Airline Secrets (via Facebook)

O que aconteceu com uma das aeronaves AEW&C da Rússia, o Beriev A-50?

(Foto:  Maxim Maksimov via Wikimedia Commons)
Quando pensamos em aeronaves militares quadrimotoras, jatos notáveis ​​que vêm à mente podem incluir o Lockheed C-5 Galaxy, o C-17 Globemaster III da Boeing e o Ilyushin Il-76. Desde o início da produção do Il-76, ele teve um número impressionante de variantes e modelos protótipos, embora um modelo menos conhecido tenha aparecido nas notícias recentemente. Desenvolvido para substituir o envelhecido Tupolev Tu-126 "Moss" em meados da década de 1980, o fabricante russo de aeronaves Beriev projetou o A-50 "Mastay".

Segundo a Reuters, um grupo de separatistas bielorrussos atacou um Beriev A-50 estacionado em um aeródromo perto de Minsk. Como o avião é um sucessor do Tupolev's Tu-126, é uma aeronave de alerta aéreo e controle. Por fora, parece quase idêntico ao Il-76, exceto por pequenos detalhes e pelo enorme radome no topo para ajudar a rastrear outras aeronaves, alvos aéreos e navios de guerra.

História da aeronave e suas capacidades de radar

A produção do A-50 decorreu de 1978 a 1992. Embora o número total construído seja desconhecido, algumas fontes dizem que Beriev produziu entre 40 e 42 exemplares desse tipo. No início da invasão no ano passado, a Rússia supostamente operava nove A-50s; agora, a nação pode estar reduzida a oito.

Uma aeronave Beriev A-50 estacionada em um aeródromo (Foto: Alan Wilson via Wikimedia Commons)
Versões mais modernas do Il-76, incluindo os A-50 ainda em operação, usam quatro turbofans Soloviev, agora Aviadvigatel, D-30KP ou PS-90A. A aeronave pode atingir até 490 nós, uma altura de cerca de 39.000 pés, e pode navegar por 3.500 milhas náuticas, embora modelos atualizados possam ser reabastecidos no ar para estender esse alcance. Os ajustes dentro do avião permitem uma tripulação de 15 pessoas, cinco responsáveis ​​pela aviação e dez pelo sistema de alerta precoce.

Em termos de capacidade, sua cúpula de radar permite detectar mísseis balísticos a 800 km, bombardeiros a 650 km, caças a 300 km e navios de guerra entre 250 e 300 km de distância. Ele pode rastrear simultaneamente entre 200 e 300 alvos aéreos, fornecer dados de orientação para um grupo de caças amigáveis ​​e transmitir dados para centros de comando.

Quantas variantes existem?

Curiosamente, embora Beriev tenha produzido menos de 50 aeronaves no total, existem várias variantes do A-50. Além do A-50 original, sua variante original atualizada, o A-50M, facilitou o reabastecimento no ar. Uma versão aprimorada, o A-50U, substituiu os controles analógicos por modernos sistemas eletrônicos digitais e aumentou o conforto da tripulação. Finalmente, o A-50EI, múltiplo do qual a Índia comprou, era originalmente um A-50 operado pela Rússia que recebeu motores atualizados e um sistema de radar israelense.

Uma aeronave Beriev A-50 estacionada em um aeródromo, com muitos visitantes
 tirando fotos (Foto: Alexxx1979 via Wikimedia Commons)
Havia planos para produzir outra variante para a China, o A-50I, um A-50 com radar israelense atualizado. No entanto, ao chegar a Israel, a pressão dos EUA cancelou o projeto e a China recebeu os aviões inalterados. Eventualmente, os chineses os modificaram com um sistema de radar produzido internamente e mudaram o nome do tipo para KJ-2000. No entanto, olhar para o nariz de um KJ-2000 o torna distinguível como um A-50 modificado em vez de um Il-76.

Uma substituição já está em andamento

Embora a perda de um A-50 seja significativa, a Rússia já tinha planos de substituir o tipo. Em 2017, o Beriev A-100 "Premier", sucessor do A-50, fez seu voo inaugural. Embora os aviônicos da aeronave sejam semelhantes aos do A-50, a atualização essencial é seu novíssimo radar ativo de varredura eletrônica (AESA) fornecido pelo Vega Group da Rússia. Embora os voos de teste para os novos sistemas já tenham começado, não está claro quando o A-100 terá uso operacional regular.

Com informações de Simple Flying, Reuters, Military-Today, Skybrary e The Drive