Em 22 de dezembro de 2001, ocorreu uma tentativa frustrada de atentado com bomba escondida em um sapato a bordo do voo 63 da American Airlines. A aeronave, o Boeing 767-323ER, prefixo N384AA (foto abaixo), com 197 passageiros e tripulantes a bordo, estava voando do Aeroporto Charles de Gaulle em Paris, França, para o Aeroporto Internacional de Miami, no estado americano da Flórida.
O autor do atentado, Richard Reid, foi subjugado pelos passageiros após uma tentativa frustrada de detonar explosivos plásticos escondidos em seus sapatos. O voo foi desviado para o Aeroporto Internacional Logan, em Boston, escoltado por caças americanos, e pousou sem maiores incidentes. Reid foi preso e posteriormente condenado a três penas de prisão perpétua mais 110 anos, sem direito a liberdade condicional.
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Enquanto o voo 63 sobrevoava o Oceano Atlântico, Richard Reid, um fundamentalista islâmico do Reino Unido e autoproclamado operativo da Al-Qaeda, carregava sapatos recheados com dois tipos de explosivos. Ele havia tido a permissão de embarque negada no dia anterior.
Os passageiros do voo reclamaram de um cheiro de fumaça logo após o serviço de refeições. Uma comissária de bordo, Hermis Moutardier, percorreu os corredores do avião para localizar a origem do cheiro. Ela encontrou Reid sentado sozinho perto de uma janela, tentando acender um fósforo. Moutardier o advertiu de que fumar não era permitido a bordo da aeronave, e Reid prometeu parar.
Poucos minutos depois, Moutardier encontrou Reid debruçado sobre o assento e tentou, sem sucesso, chamar sua atenção. Depois que ela perguntou o que ele estava fazendo, Reid agarrou-a, revelando um sapato em seu colo, um pavio conectado ao sapato e um fósforo aceso. Ele não conseguiu detonar a bomba: a transpiração de seus pés umedeceu o triperóxido de triacetona (TATP) e impediu sua ignição.
Moutardier tentou agarrar Reid duas vezes, mas ele a empurrou para o chão em ambas as vezes, e ela gritou por socorro. Quando outra comissária de bordo, Cristina Jones, chegou para tentar conter Reid, ele lutou com ela e mordeu seu polegar.
Reid, de 1,93 m de altura e 98 kg, foi subjugado pelos comissários de bordo e outros passageiros e imobilizado pela tripulação com algemas de plástico, extensões de cinto de segurança e fios de fone de ouvido. Um médico administrou diazepam encontrado no kit de bordo da aeronave.
Muitos passageiros só tomaram conhecimento da situação quando o piloto anunciou que o voo seria desviado para o Aeroporto Internacional Logan, em Boston.
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Dois caças F-15 escoltaram o voo 63 até o Aeroporto Logan. O avião estacionou no meio da pista e Reid foi preso em solo, enquanto o restante dos passageiros foi levado de ônibus para o terminal principal.
As autoridades encontraram posteriormente mais de 280 gramas (10 onças) de TATP e tetranitrato de pentaeritritol (PETN) escondidos nas solas ocas dos sapatos de Reid, que, se detonados, teriam aberto um buraco significativo na aeronave e provavelmente causado sua queda.
| Os calçados de Richard Ried (Foto: FBI) |
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| Richard Ried, também conhecido como o "terrorista do sapato" |
Em 2006, os procedimentos de segurança nos aeroportos americanos foram alterados em resposta a esse incidente, com os passageiros sendo obrigados a tirar os sapatos antes de passar pelos scanners. A exigência foi gradualmente eliminada para alguns viajantes, particularmente aqueles com o TSA PreCheck, em 2011.
Também em 2011, as regras foram flexibilizadas para permitir que crianças de até 12 anos e adultos com 75 anos ou mais mantivessem os sapatos durante as inspeções de segurança. Em 7 de julho de 2025, essas regras foram completamente abolidas em aeroportos selecionados, antes de serem totalmente revogadas em todos os aeroportos dos EUA no dia seguinte.
O relatório final deste incidente foi divulgado um ano e cinco meses após a ocorrência.
Por Jorge Tadeu da Silva (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia e Agências de Notícias


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