O passageiro William Allen Liebisch foi acusado de atrapalhar as funções de uma tripulação de voo depois que trouxe um estilete consigo a bordo de um voo da Fronter Airlines e ameaçou esfaquear outros viajantes e tripulantes. Conforme reportado pelo site Aeroin no mês passado, os pilotos precisaram realizar um pouso em emergência para que o agressor fosse retirado da aeronave sob custódia.
Após os fatos, uma investigação urgente foi aberta pelo Departamento de Segurança Interna (HSI) e a Administração de Segurança de Transportes (TSA) para avaliar a conduta dos agentes que permitiram que o passageiro passasse pelas verificações portando os objetos cortantes.
De acordo com Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a acusação e outras informações foram apresentadas no tribunal na última quinta-feira (8).
O que houve
Conforme os autos do processo, no último dia 11 de novembro de 2022, Liebisch era passageiro a bordo de um voo da Frontier Airlines de Cincinnati, Ohio, para Tampa, Flórida. Ele passou pelo posto de controle de segurança da TSA no aeroporto de Cincinnati, onde os oficiais encontraram um estilete em sua posse, mas erroneamente acreditaram que o haviam tornado inoperante ao remover sua lâmina.
Assim que o voo decolou, Liebisch inseriu uma lâmina sobressalente que estava guardada no cabo do estilete. Um passageiro viu Liebisch usar o estilete para limpar as unhas. Outro relatou a dois comissários de bordo que Liebisch disse que iria esfaquear alguém.
Como não havia policiais no voo, um comissário pediu ajuda a dois passageiros do sexo masculino. Um ficou no banco de trás próximo, enquanto o outro ocupou o lugar ao lado. Os dois homens e um comissário de bordo tentaram manter Liebisch calmo e sob controle pelo restante do voo.
Enquanto isso, o comandante fez um pouso de emergência no aeroporto mais próximo, que era o Internacional Hartsfield-Jackson, em Atlanta. Assim que o avião pousou, os passageiros foram instruídos a desembarcar imediatamente e deixar seus pertences no avião.
Oficiais do Departamento de Polícia de Atlanta (APD) estavam no portão de desebarque, mas não entraram no avião para evitar antagonizar Liebisch, que estava na parte traseira da aeronave com os dois passageiros do sexo masculino.
Enquanto os últimos viajantes desembarcavam, Liebisch avançou em direção a um comissário de bordo na frente do avião enquanto segurava seu estilete. Um dos passageiros o abordou por trás e os oficiais do APD correram para o avião para deter Liebisch.
Ele parou de resistir assim que eles disseram que usariam um taser (choque) nele se ele não obedecesse. Uma busca subsequente em sua bagagem de mão revelou um segundo estilete. Após a prisão de Liebisch, o avião não pôde continuar sua viagem para Tampa.
Julgamento
O tribunal ordenou que ele permanecesse sob custódia até o julgamento. Presume-se que o réu seja inocente das acusações e será responsabilidade do governo provar a culpa do réu além de qualquer dúvida razoável no julgamento. Se for considerado culpado por interferir nas funções de uma tripulação de voo, além dos demais agravantes, o passageiro pode enfrentar uma pena máxima de 20 anos de prisão e uma multa de US$ 250.000 (cerca de R$ 1.331.700).
O caso está sendo investigado pelo Departamento Federal de Investigação (FBI) e pelo Escritório do Inspetor Geral do Departamento de Transportes dos EUA.
“As pessoas têm o direito de viajar em paz e sem medo de seus companheiros de viagem”, disse o procurador dos EUA, Ryan K. Buchanan. “Os passageiros que interrompem voos com ameaças de violência saberão rapidamente que responderão por sua conduta em um tribunal federal.”
“O FBI está empenhado em fazer sua parte para prevenir a violência, intimidação e ameaças de violência que põem em risco a segurança dos passageiros e tripulantes em voos comerciais”, disse Keri Farley, agente especial encarregado do FBI Atlanta. “Espero que esta acusação prove que o governo federal leva a sério todas as ameaças contra aeronaves e os infratores que interromperem as viagens serão processados em toda a extensão da lei.”
“O comportamento indisciplinado dos passageiros é inseguro e prejudicial para o público que viaja, bem como para a tripulação de voo”, disse Todd Damiani, Agente Especial Encarregado, Escritório do Inspetor Geral do Departamento de Transporte dos EUA, Região Sul. “Continuaremos a trabalhar com nossos parceiros de aplicação da lei para perseguir e responsabilizar aqueles que optam por se envolver em tal atividade imprudente a bordo de aeronaves comerciais.”
Via Juliano Gianotto (Aeroin) - Foto: Reprodução