- O financiamento da guerra no Afeganistão supera as despesas do Iraque pela primeira vez no orçamento do Pentágono proposto para o próximo ano, demonstrando uma virada nas prioridades que o secretário da Defesa, Robert Gates, tenta realizar nos gastos de defesa.
Dos US$ 130 bilhões em fundos de guerra solicitados na proposta do orçamento fiscal para 2010, US$ 65 bilhões são para operações no Afeganistão e US$ 61 bilhões, para o Iraque. Em 2009, foram pedidos US$ 87 bilhões para o Iraque e US$ 47 bilhões para o Afeganistão.
O orçamento cobre o envio adicional de 21 mil soldados americanos ao Afeganistão este ano, elevando o total para 68 mil. Mais recursos serão requeridos se o presidente Barack Obama decidir atender ao pedido de comandantes americanos para outros 10 mil soldados no próximo ano.
O orçamento inclui US$ 700 milhões para treinamento e equipamento para melhorar a capacidade de combate à insurgência no Paquistão, um importante aumento nessa ajuda ante os US$ 400 milhões propostos para este ano.
O orçamento básico de US$ 534 bilhões do Pentágono é US$ 21 bilhões, ou 4%, maior que o do ano passado. Ele inclui iniciativas importantes que refletem o plano de Gates de reformar as forças militares para que elas estejam mais preparadas para as guerras de hoje e menos focadas no preparo para conflitos futuros.
Os principais aumentos de gastos incluem US$ 2 bilhões para inteligência e reconhecimento, US$ 500 milhões para helicópteros de combate e manutenção e recursos para somar 2.400 quadros às forças de operações especiais em 2010, além de aviões para apoiá-los. Mais recursos serão gastos em sistemas de armas modernos, com um aumento da compra de embarcações de combate litorâneas e jatos de caça F-35 de "quinta geração".
Entretanto, as pressões orçamentárias desaceleraram o crescimento dos gastos com defesa em geral, que aumentaram 2%, em termos corrigidos pela inflação, para 2010, ante a média de 4% de 2001 a 2009.
O orçamento do Pentágono para 2010 proposto por Obama elimina US$ 8,8 bilhões em programas de armas que estavam no orçamento de 2009, reestruturando ou encerrando os considerados "problemáticos".
O corte sustaria o avião de caça F-22, após 187 deles terem sido fabricados. Outros cortes importantes incluem o encerramento do programa de helicópteros presidenciais de US$ 13 bilhões, cujo custo mais que dobrou; o programa de satélites de comunicações militares, de US$ 19 bilhões; e o programa de helicópteros de combate e busca e resgate da Força Aérea, além de cortar US$ 1,2 bilhão da defesa antimísseis.
Apesar da oposição levantada no Congresso e na indústria de defesa desde que Gates anunciou os cortes planejados em programas de armas, no mês passado, autoridades de alto escalão da Defesa disseram que o Pentágono não está recuando de suas reformas. Não houve "nenhum ajuste significativo" no pedido de orçamento, disse Robert Hale, controlador do Pentágono.
Ante uma estimativa de empresas contratadas pela Defesa de que 100 mil ou mais empregos estariam em risco em função dos cortes, Hale disse que perdas de emprego "não foram discutidas? durante a formulação do novo orçamento. Argumentou que os empregos perdidos em alguns setores seriam ganhos em outros.
Enfatizando a necessidade de cuidar do contingente de voluntários, o orçamento inclui um aumento salarial de 2,9% para membros militares e aumento de gastos com pesquisas para encontrar tratamentos para ferimentos cerebrais traumáticos e problemas de saúde mental. Os custos com saúde para pessoal militar incharam nos últimos anos e consumirão US$ 47 bilhões do orçamento de 2010. "A assistência à saúde militar está comendo nosso orçamento", disse Hale. Ele acrescentou que o congelamento nos anos 90 no aumento da parte de planos de saúde paga pelo pessoal militar, embora permaneça intocado no próximo ano, provavelmente terá de ser revisto pelo Congresso.
O orçamento para a Agência Nacional de Segurança Nuclear, que administra o programa de armas nucleares dos Estados Unidos, US$ 6,4 bilhões, chegou perto do número deste ano. Isso reflete uma decisão de esperar a conclusão da Revisão de Posição Nuclear, que estabelecerá tanto a estratégia futura como os números do estoque antes de fazer qualquer mudança importante no programa.
Um aumento significativo é o de US$ 84,1 milhões para o desmantelamento de armas antigas, quase 50% acima do estabelecido para o ano passado.
Fonte: Ann Scott Tyson (The Washington Post) via O Estado de S.Paulo