segunda-feira, 1 de junho de 2009

Piloto diz que na rota Rio-Paris é preciso ficar atento ao passar pelo oceano

Segundo Décio Corrêa, que já fez esse trajeto, área é sujeita à turbulência.



O piloto Décio Corrêa, que já foi escalado “algumas vezes” para fazer a rota Rio de Janeiro-Paris, disse nesta segunda-feira (1) que, nesse trajeto, os comandantes devem estar mais atentos quando saem do Brasil e estão sobrevoando o Oceano Atlântico, rumo à África. Um Airbus A300 da Air France, que saiu da capital fluminense, está desaparecido e deveria ter pousado na França pela manhã.

Não existe trecho mais perigoso nesse trajeto, mas é preciso que o piloto fique atento quando está sobre o oceano, deixando o território brasileiro”, afirmou o piloto, de 61 anos, que calcula ter 42 anos de experiência e 16 mil horas de voo. Segundo ele, depois de Fernando de Noronha, indo em direção à costa africana, os aviões podem enfrentar zonas de forte turbulência por causa de correntes ascendentes e descendentes.

Ressaltando que não sabe se isso ocorreu durante passagem do Airbus, que levava 228 pessoas no voo AF 447, explicou que turbulências violentas conseguem desestabilizar muito as aeronaves. “Você tem quebra de sustentação e é uma pancada monstruosa. Capaz de quebrar uma asa”, disse.

Tempestade

A hipótese de a aeronave ter sido surpreendida por uma tempestade que desestabilizou o voo não foi descartada. Mas, de acordo com Corrêa, como o Airbus tem equipamentos modernos, o piloto teria condições de desviar de uma tormenta.

“O próprio sistema do radar meteorológico vai dizer onde está o núcleo da tempestade. O sistema sugere um desvio”. Em alguns casos, para não elevar a altitude e, com isso, gastar mais combustível ou entrar na rota de outros aviões que podem estar vindo na direção contrária, o recomendável é fazer curvas à direita ou à esquerda, mesmo que a medida torne a viagem mais longa.

Em um comunicado, a Air France revelou que o comandante do voo AF 447 mandou uma mensagem automática às 2h14 GMT desta segunda-feira (23h14 de domingo em Brasília) avisando sobre uma pane elétrica. A companhia não descarta a chance de o jato ter sido atingido por um raio.

“Pode haver uma descarga (elétrica) e derrubar uma aeronave. Existem formações (de nuvens) pesadas, que atingem dimensões monstruosas, de até 15 km de altura”, contou Corrêa, que já foi piloto de show aéreo por 25 anos. Mesmo com toda tecnologia, pode haver falhas. “Uma descarga elétrica violenta dá o chamado blecaute, que é um curto-circuito. É uma das possibilidades”.

Seguro

Corrêa descreveu o Airbus A330 como sendo um avião “extremamente confiável, com tecnologia de última geração”. Ele é piloto de ensaio. Testa aviões. Contou que há três anos voou neste tipo de aeronave.

“É um avião maravilhoso. Grande, econômico, extremamente confiável e com tecnologia de última geração”, afirmou o piloto, que afirmou ter feito sua estreia nesse tipo de avião há três anos. “É uma das grandes estrelas da aviação comercial”.

Fonte: G1

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